QUANTO PIOR, MELHOR
Na volta do recesso de fim de ano, a Câmara dos Deputados tem uma longa agenda, mas, já na primeira etapa de reuniões, a bancada do PSDB anunciou que não irá repetir a tática do ano passado do quanto pior, melhor. O partido irá votar com o Governo quando este apresentar projetos que caibam dentro do programa tucano, mas já avisando que a CPMF está fora. Melhor assim; no momento em que os atores políticos entram na trilha do maniqueísmo, a tendência é o recrudescimento das relações sem se chegar a lugar algum. Ser oposição não significa, necessariamente, ser contra tudo, embora tenha sido essa a tática do PT quando estava do outro lado do balcão. Por mais paradoxal que pareça, tucanos e petistas têm pontos em comum, que foram ficando fora de foco por conta da radicalização de ambos os lados. Só que, agora, quem está em xeque é o país, não havendo espaço para enfrentamentos gratuitos.
Os recentes números da economia mundial, nos quais a desconfiança com o crescimento chinês é peça-chave, são a senha para uma nova discussão sobre a situação interna. Sem a crise internacional, o Brasil chegou a tal estágio, se a situação externa se agravar, como tudo indica, a tendência é de piora, daí a importância de todos os setores buscarem um ponto comum para tirar a economia desse atoleiro. As ruas estão à espera de soluções, mas, enquanto o andar de cima mantiver um discurso de nós contra eles, o caminho será mais longo e difícil.
Há questões fora da economia que precisam, no entanto, ser resolvidas ainda neste primeiro semestre. Ficar preso a uma agenda política na qual a presidente e o vice estão sob investigação do TSE e ter em curso na Câmara um projeto de impeachment, além de um presidente do Legislativo se sentindo acima da lei, é um passo atrás, daí a importância de se virar essa página sem, no entanto, esquecer as mazelas. Ao contrário, os processos precisam ser céleres, a fim de as atenções, de fato, se voltarem para a crise que já se instalou.