BRIGA PELO VOTO
Se quiser aprovar a volta da CPMF o Governo terá que brigar muito pelo voto dos deputados e senadores, pois trata-se de uma questão não apenas polêmica, mas que causa também desconforto aos políticos. Afinal, trata-se de mais um saque ao bolso do consumidor que acaba sendo o alvo final da contribuição. Mas não é só isso, o argumento utilizado é uma peça vencida nos discursos oficiais desde a criação da CPMF. Implantada para financiar a saúde, passou a abastecer as demais rubricas oficiais sem que a meta inicial fosse cumprida. O caos no setor continua e a prova material está no ciclo do Aedes Aegypti com a propagação de dengue, zika e febre chikungunya.
No apagar das luzes de 2015, o Governo anunciou nova tributação para as agências de turismo, comprometendo a sobrevivência de algumas delas, além do repasse desse custo para os interessados em viajar. O argumento também era de financiamento do cofre federal, combalido pela crise econômica. Outros tributos foram acrescentados à pauta e o cenário não mudou. O país continua cobrando impostos dinamarqueses e prestando um serviço de terceiro mundo.
Há muito tempo a criatividade evaporou nas instâncias de poder que só criam receita à base de tributos, sem buscar outras fontes de financiamento. A cada abalo, volta-se ao bolso do contribuinte, o alvo único dessas tributações. Enquanto não houver mudanças, pouco será acrescentado, pois a União continua sendo o grande sorvedouro de recursos sem repassá-los, sequer, para os estados e municípios. E nessa cascata, a conta maior fica para os prefeitos, que não apenas têm que resolver as demandas diretas da população e se submetem a ela diretamente em cada esquina.