Homicídios, há três anos, assustam JF


Por JORGE SANGLARD, JORNALISTA E PESQUISADOR

06/01/2016 às 07h00- Atualizada 06/01/2016 às 08h14

Juiz de Fora viu em 2015 o número de homicídios chegar perto dos altos índices de 2014 e de 2013 e superar os índices de 2012. Os 131 homicídios ocorridos até 31 de dezembro foram assim distribuídos por regiões da cidade: Zona Norte: 40; Zona Sudeste: 29; Zona Leste: 28; Zona Sul: 15; Zona Nordeste: 9; Cidade Alta: 7 e Centro: 3. Nos três anos anteriores, aconteceram 141 assassinatos em 2014, 139 assassinatos em 2013 e 99 assassinatos em 2012. Estes números são alarmantes e são o sinal de alerta para que algo de concreto seja feito para reduzir drasticamente o número de homicídios e para diminuir a violência como um todo. Os dez homicídios a menos ocorridos em 2015 em relação a 2014 não refletem uma diminuição significativa nas ocorrências de assassinatos, que ainda representam altos índices nos últimos três anos na cidade.

Em todo o ano de 2007, a cidade contabilizou 37 assassinatos. No entanto, apenas nos três primeiros meses de 2015 tinham ocorrido 37 assassinatos, ou seja, o mesmo número de crimes violentos de todo o ano de 2007. E, o pior, em 2013, ocorreu um total de 139 homicídios na cidade, o que equivale a uma taxa de 28,4 homicídios por cem mil habitantes, situando Juiz de Fora acima da média nacional, que em 2012 foi de 20,4. Vale ressaltar que, uma década antes, a taxa de homicídios na cidade era de 8,4 por cem mil habitantes.

Em duas décadas e meia, entre a década de 1990 e 2015, Juiz de Fora saiu de 4,4 homicídios por cem mil habitantes para 28,4 homicídios por cem mil habitantes, apresentando um aumento de 238% no número de assassinatos. Antes pacífica e ordenada, Juiz de Fora agora é uma cidade que viu explodir a taxa de homicídios e não encontra meios de combater eficazmente esta dura e triste realidade. Assim, Juiz de Fora deixou o grupo das cidades brasileiras menos violentas e está entrando no ranking das cidades violentas, sob o ponto de vista dos índices de homicídios.

Muito se tem estudado sobre o que vem ocorrendo na cidade, que passou a conviver com índices alarmantes nos três últimos anos. Um dos pesquisadores que está atento aos números da violência na cidade, Leandro Piquet Carneiro, do Instituto de Relações Internacionais e do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, acompanha o aumento da violência em Juiz de Fora e o crescente número de assassinatos a partir de 2010. E faz um alerta: se nada for feito de concreto pelo Estado e pela sociedade, a meta para 2016 continuará a ser fixada pela “mão invisível” do crime, por centenas de traficantes de drogas ou por jovens em busca de vingança.

Juiz de Fora, infelizmente, permanece com números altos de homicídios, e essa realidade violenta continua desafiando os gestores públicos e toda a sociedade. A criação do Laboratório de Estudos da Violência, abrigado junto ao Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF, pela OAB Subseção Juiz de Fora, Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal, Prefeitura e UFJF, foi um passo importante para fomentar a pesquisa e o debate sobre essa questão, mas a hora agora é de enfrentar a realidade do aumento da violência nos três últimos anos, com determinação e coragem, buscando mecanismos para diminuir esses altos índices. A tragédia que se abate sobre a cidade com a manutenção de altos índices de homicídios é um desafio para todos e exige resposta imediata e eficaz.

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