MUITOS EM UM
Com as recentes homologações do Tribunal Superior Eleitoral, o país se aproxima dos 40 partidos, algo impensável quando se fala em representação política dentro de um Congresso Nacional. Os interesses se diluem, e, num cenário de coalizão, nenhum governo é capaz de abrir tantas frentes de negociações. Mas esta é a regra. Desde a Constituição de 1988, os presidentes da República são levados a negociações de toda sorte para garantir maioria no Parlamento, e essas nem sempre são republicanas, mais parecendo um balcão do que um jogo de poder próprio das democracias.
O que não se leva em conta, porém, é que os 36 partidos não são necessariamente 36. O PMDB, na verdade, são dois: um grupo capitaneado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e outro encabeçado, entre outros, pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito da cidade fluminense, Eduardo Paes. A divisão ficou clara na última segunda-feira, quando ambos dividiram a mesa com a presidente Dilma Rousseff e discordaram dos rumos encaminhados pelos seus pares liderados pelo Palácio do Jaburu.
Se for levado em conta que os partidos nacionais não são, necessariamente, os mesmos nos estados e muito menos nos municípios, a divisão se acentua, provocando um quadro de insegurança para o próprio eleitor, como nos tempos de Arena 1, Arena 2, MDB 1 e MDB 2, quando as duas legendas – as únicas autorizadas a funcionar – abrigavam as diversas tendências ideológicas num cenário maniqueísta de ser a favor ou contra o Governo. Hoje, o discurso nacional nem sempre reverbera nas bases, em que os acordos são forjados de acordo com as circunstâncias locais.
A reforma política passou longe desse tema, e nem há perspectiva de mudança. Desta forma, as divisões internas, que afetam também as demais legendas, criam novos polos de negociação e de incertezas.