PONTO SEM NÓ
A semana começou sem tréguas para os políticos com a abertura de uma nova frente de investigações na “Lava jato”, agora apurando o pagamento de propinas na compra da Refinaria de Pasadena. Os partidos não serão poupados, e outros serão envolvidos, mas a expectativa é o congresso nacional do PMDB, previsto para hoje, em Brasília. O partido, a despeito de ter o vice-presidente da República, deve elevar o tom das críticas ao Governo. Uma de suas alas deve até apresentar pedido de rompimento da aliança, embora essa questão não esteja na pauta do evento.
O nome do congresso é emblemático: “O PMDB tem voz e não tem dono”, numa clara alusão ao distanciamento que se pretende do Palácio do Planalto. O programa econômico, lançado há cerca de 15 dias, é a outra ponta da questão. O partido tem voz. O encontro dará mais visibilidade ao documento, ora visto como um contraponto às políticas adotadas pela equipe do ministro Joaquim Levy com respaldo da presidente Dilma Rousseff.
O PMDB é um partido profissional, que não dá ponto sem nó. Quando se coloca como alternativa, num momento de fragilidade do Governo do qual faz parte, pode não estar defendendo abertamente o desembarque da presidente da República, mas sinaliza ao país que não lhe será solidário numa eventual queda. Ao contrário, está dizendo que está pronto para governar pelos próximos três anos com Michel Temer.
O que os peemedebistas não contam é com o seu envolvimento direto da sigla em ações que ora condenam. O novo operador, que surgiu nos últimos dias, também atuou a favor da legenda, que já tinha Fernando Baiano como um de seus homens de ponta na captação de recursos. O partido, então, terá que combinar vários fatores para sair ileso. Para tanto, porém, está disposto a sacrificar peças no xadrez político para se dizer isento das mazelas que ora estão sendo desvendadas.