Máfia dos Transplantes: médicos são presos por retirada ilegal de órgãos de criança
Apesar de terem sido condenados em 2021, dupla aguardava em liberdade; caso ficou conhecido como “Máfia dos Transplantes”
Após 24 anos, dois médicos condenados pelo homicídio de Paulo Veronesi Pavesi, 10 anos de idade, morto nos anos 2000, foram presos. À época, a criança caiu de um prédio e teve morte encefálica forjada pelos profissionais, que precipitaram a morte do garoto para realizar a doação de órgãos a outros pacientes da dupla, que atuava no hospital Santa Casa de Poços de Caldas. Assim entendeu o Ministério Público, no que ficou conhecido como caso da “Máfia dos Transplantes”.
Eles já tinham sido julgados e condenados, por júri popular, em 2021, em Belo Horizonte, a 28 anos de prisão. Entretanto, conseguiram aguardar o trânsito em julgado em liberdade, devido a uma liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Foi em 19 de abril de 2000 que a criança caiu da grade do playground do prédio em que morava. De prontidão, ele foi levado para o pronto-socorro do Hospital Pedro Sanches e posteriormente encaminhado para a Santa Casa de Poços de Caldas. No local, ele teve morte encefálica declarada por dois médicos e coordenada pelo responsável de uma central clandestina de transplantes que funcionava no Sul de Minas.
Após as investigações e da descoberta do caso, os três homens foram condenados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O curso da prisão, a partir daquele momento, foi postergado por meio de um recurso, que tem por característica tentar alterar decisões que foram tomadas sem unanimidade. Durante 24 anos, eles conseguiram permanecer em liberdade.
Contudo, o TJMG manteve a condenação dos dois médicos, pois reafirmou “a constitucionalidade da execução imediata de pena aplicada pelo Tribunal do Júri”, e eles foram presos nesta terça-feira (17). O terceiro réu, aquele que seria coordenador da central clandestina de transplante naquele região, foi condenado a 21 anos e oito meses de prisão por atestar falsamente a morte encefálica de Paulo. Em decisão monocrática do STJ posterior, ele ganhou o direito de cumprir a pena em prisão domiciliar.