Defesa da represa
Ações de proteção do maior manancial de água de Juiz de Fora devem ser prioridade no diálogo entre a cidade e os municípios nos quais a represa está instalada
Maior manancial hidrográfico no entorno de Juiz de Fora, a represa de Chapéu D’Uvas é estratégica para o futuro da cidade, uma vez que sua capacidade de armazenamento garante água pelos próximos 50 anos. Essa garantia, no entanto, só será ratificada pelo tempo se houver preocupação não apenas com o seu entorno, mas também com a qualidade de sua água. Embora beneficie exclusivamente Juiz de Fora, ela tem a sua fonte primária no município de Antônio Carlos, e sua localização se encerra nas cidades de Santos Dumont e Ewbank da Câmara.
A proposta de gestão compartilhada, cujo detalhamento ainda precisa ser divulgado, pode ser positiva, uma vez que Juiz de Fora, a despeito de ter o cuidado do manancial entre suas atribuições, não pode fazer nenhuma ação em seu entorno, por estar fora de seus limites. Essa competência, em tese, deveria ser das prefeituras vizinhas.
A questão não se encerra aí, pois também há iniciativas. Na edição dessa quinta-feira, a Tribuna traça um cenário completo do manancial e das políticas que se desenvolvem em torno de sua gestão. “A Cesama é a atual responsável pela conservação e pela segurança da barragem. Em ata da reunião realizada em 13 de agosto pela diretoria executiva da companhia, o relator Marcello Melo do Amaral informa a decisão unânime de protocolar documento junto ao Patrimônio da União, com cópia para o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), para que a União assuma a operação e a manutenção da barragem de Chapéu D’Uvas.”
Ante tantos pontos, a audiência pública a ser realizada na Câmara Municipal pode jogar luzes na discussão, sobretudo por também estarem convidados os municípios vizinhos. Num momento em que o país vive às vésperas de uma das maiores crises hídricas de sua história, o tema ganha relevância quando se projeta ações para o futuro.
Quando se projetou a perenidade do manancial para as próximas cinco décadas, também se embutiu a sua manutenção, pois tal prazo só vai se consolidar se medidas protetoras forem implementadas. A Represa de João Penido, essa, sim, totalmente em território juiz-forano, tem vida longa pela frente, mas, diante das próprias ocupações em seu entorno e até mesmo pelo comprometimento de fontes por conta da construção de estradas, tem prazo de validade, o que reforça a importância de Chapéu D’Uvas para as próximas gerações.
O Governo federal tem recursos para implementação de projetos, mas esses, por sua vez, devem ser apresentados dentro de grande rigor técnico para saírem do papel. E o que mais se espera são investimentos para garantir ações ambientais que façam da represa uma referência para outras regiões e, sobretudo, uma fonte de água com qualidade para a população.