Temer rodeado de ‘santos’


Por Paulo Cesar de Oliveira,  jornalista e diretor-geral das revistas "Viver Brasil" e "Robb Report"

30/12/2016 às 07h00

O presidente Michel Temer, como queriam alguns de seus auxiliares, não deveria ter feito pronunciamento em rede de TV na véspera do Natal. Ele não tinha a dizer algo que o povo desejasse ouvir. Até aqui, o pouco que fez é impopular, e, por isso, a televisão foi desligada por milhões de pessoas. Na verdade, a impressão que se tem é que Temer está perdido. Assumiu o cargo e agora não sabe o que fazer com ele.

Não tem acertado uma e vai gastando o crédito que tinha com o Congresso, que, por sinal, enfrenta o maior desgaste da história junto à população, não tendo, portanto, condições de dar sustentação ao presidente. A situação é tão lastimável que a boca pequena já diz que não adiantou “impichar” Dilma, uma vez que seu sucessor não melhorou em nada o país. Pelo contrário, em alguns aspectos, até piorou.

Na verdade, Michel Temer é fraco e por isso mesmo montou um ministério ruim, com exceção para a área econômica. Entre seus principais auxiliares está o muito conhecido e pouco recomendável Eliseu Padilha, que nem se ruboriza quando se apresenta nas entrevistas e nos pronunciamentos como um virtuoso e prestes a ser canonizado santo enviado dos céus para cuidar dos pobres e oprimidos, como, aliás, se apresentam todos os envolvidos nas delações da Odebrecht na Lava Jato.

Com um grupo assim comandando o país, ninguém pode prever o que possa acontecer em 2017, que começa no próximo domingo. A economia não anda, e, mesmo com as reformas já aprovadas, o povo ainda não sentirá mudanças tão cedo. Como disse o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Olavo Machado, o Governo tinha que se preocupar mais com os 12 milhões de desempregados, criando condições para que a indústria e outros setores produtivos saiam logo desta crise. Se o presidente Temer não adotar logo um modelo novo, que permita a retomada imediata do crescimento, ficará evidente que o senador Ronaldo Caiado tem razão: ele deveria renunciar.

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