(In) segurança pública


Por MARCELO FRANK, COLABORADOR

22/10/2015 às 07h00

Em 2014, mais de 58 mil brasileiros morreram vítimas de homicídio, como revelam os dados do 9° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado recentemente. O que nos chama a atenção nos citados dados estatísticos é o aumento a cada ano das ocorrências notificadas pelos órgãos estaduais que cuidam da segurança pública. Em comparação com o ano de 2013, o aumento dos homicídios registrou a taxa de 4,8%.

O detalhamento desta tragédia brasileira aponta que pouco mais de 160 pessoas foram mortas de forma intencional: homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio, morte causada por confronto com policiais e policiais mortos (em serviço ou fora dele).

As mortes violentas pela sua quantidade, e pela taxa de crescimento nos últimos anos, sugerem um componente histórico, é algo que alguns estudiosos do assunto chamam de “falta de civilização” na sociedade brasileira. Segundo eles, a nossa formação histórica foi baseada em processos que envolviam a violência e a exclusão social. Certos analistas acham que isso tem relação direta com este elevado número de homicídios, consignados no anuário estatístico.

O Brasil se tornou este recordista mundial de mortes violentas, segundo outros analistas sociais, por uma diversidade de causas, as quais tornaram a situação assustadora nas últimas décadas: problemas do Estado, tráfico de drogas e fatores culturais. Ou seja, os responsáveis por trágico cenário são: a incapacidade de prevenir mortes, de investigar eficazmente os crimes ocorridos e de punir exemplarmente os responsáveis.

“Estamos vendo um aumento da letalidade numa camada muito específica da população: o jovem de periferia e negro”, sentencia Atila Roque, presidente da Anistia Internacional no Brasil, publicado recentemente na imprensa (“Carta Capital”). E isso torna a situação preocupante, pois, se considerando como uma doença, os homicídios no Brasil são mais do que uma epidemia. Mas estamos preparados para enfrentar um mal que cresce de forma avassaladora?

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