Balanço do horário de verão em Minas


Por WILSON FERNANDES LAGE, ENGENHEIRO DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO DO SISTEMA ELÉTRICO DA CEMIG

21/02/2016 às 07h00

O horário de verão, instituído pelo Governo federal, teve mais uma vez grande importância para o sistema elétrico brasileiro. De acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), houve uma redução diária da demanda máxima – o chamado horário de pico – de 4%, o que equivale a 350MW em sua área de concessão.

Essa redução diária de demanda é suficiente para atender, durante todo o período do horário de verão, o pico de carga de uma cidade de 750 mil habitantes, equivalente à soma das cidades de Juiz de Fora e Sete Lagoas (MG). Além disso, com relação ao consumo de energia, foi obtida em Minas Gerais uma economia de 0,5%, que representa 108GWh. Essa energia economizada é suficiente para abastecer Belo Horizonte durante nove dias.

O principal objetivo do horário de verão é reduzir a demanda de energia no país no horário de pico, que vai das 18h às 22h. Esta redução da demanda máxima no sistema é o maior benefício da medida, porque alivia o carregamento nas linhas de transmissão, transformadores, sistemas de distribuição e unidades geradoras de energia, aumentando a confiabilidade e a segurança da operação do sistema elétrico, reduzindo o risco de ocorrência de apagões no sistema elétrico nacional.

A medida entra em vigor no verão devido ao posicionamento da Terra em relação ao Sol durante a estação, uma vez que os dias têm maior duração do que as noites. Nesta estação, grande parte da população acorda com o dia já claro, com o sol alto no horizonte. Nos estados onde é adotado o horário de verão, os relógios são adiantados em uma hora, para que as pessoas acordem mais cedo e passem a aproveitar melhor a luminosidade natural destes dias mais longos. Nas cidades, as pessoas começam a chegar em suas residências por volta das 18h, ainda com o dia claro quando é horário de verão. Elas tomam seus banhos sem acender as luzes, ou seja, sem precisar utilizar a iluminação artificial. Quando acendem as luzes de suas residências e a iluminação pública também é automaticamente ligada, boa parte dos banhos já foi tomada. Com isso, há redução de demanda neste horário porque não ocorre a coincidência das cargas de chuveiro elétrico, que consome muita energia, com a entrada da iluminação artificial (residencial, comercial e pública).

Porém, como neste período do ano outras cargas são muito utilizadas devido às altas temperaturas, como geladeiras, ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, consumindo mais energia que o habitual, esta economia pode não ser facilmente percebida. Porém, estes consumidores poderiam ter um consumo de até 30 horas a mais por mês com a iluminação artificial se não houvesse o horário de verão.

Segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a redução de consumo proporcionada no país pelo horário de verão na edição passada foi incorporada ao armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas do país, agregando 0,4% ao armazenamento da região Sudeste/Centro-Oeste e 1,3% ao armazenamento da região Sul.

Apesar da mudança da rotina na vida das pessoas, o horário de verão é uma ferramenta importante e essencial para melhorar a qualidade e a confiabilidade do sistema elétrico, além de proporcionar economia no consumo de energia para os consumidores.

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