É preciso valorizar nossa cultura e nossos artistas


Por ANTÔNIO AGUIAR, VEREADOR E MÉDICO

20/05/2016 às 07h00- Atualizada 20/05/2016 às 08h29

O juiz-forano Geraldo Pereira é reconhecido hoje como um dos maiores nomes da história da nossa música popular. Nascido em 1918, Geraldo foi ainda adolescente para o Rio de Janeiro, onde ganhou projeção nacional com suas composições. Dono de um samba sincopado, popularmente conhecido como de gafieira, pelo ritmo requebrado e brejeiro, Geraldo Pereira conviveu com nomes como Carlos Cachaça, Cartola e Nelson Cavaquinho e compôs grandes sucessos. Entre as músicas estão “Acertei no milhar”, em parceria com Wilson Batista, “Falsa baiana” e “Escurinho”, gravadas por Cyro Monteiro, “Falta de sorte”, por Aracy de Almeida, e “Que samba bom”, por Blecaute. Outros importantes artistas, como Chico Buarque e Tom Jobim também gravaram suas musicas.Faleceu prematuramente aos 37 anos.

Diante da importância deste artista juiz-forano, nada mais justo do que criar uma homenagem com seu nome para valorizar outros importantes nomes de nossa arte e cultura. Desta maneira, estamos propondo a criação da Medalha Geraldo Pereira, por meio de um projeto de lei, que visa a escolher anualmente dez homenageados: pessoas físicas e jurídicas que se notabilizarem na produção, difusão e engrandecimento das manifestações artístico-culturais e sociais na cidade e região. A resolução que institui a Medalha é feita em parceria com a Associação Cultural Estação Palco com o apoio da Mesa diretora da Câmara Municipal de Juiz de Fora.

A escolha anual de dez homenageados dar-se-á pelo Conselho do Mérito formado por representantes da diretoria da Associação Cultural Estação Palco, Câmara, Secretaria Municipal de Educação, Funalfa, UFJF, Instituto Histórico e Geográfico e das entidades do movimento artístico local.

Como justificativa para a criação da Medalha, ressaltamos, em primeiro lugar, a valorização da cultura local e, consequentemente, o reconhecimento das pessoas e de suas expressões. Resgatar e preservar o trabalho de nossos artistas é estimular ainda a importância que têm para a manutenção da identidade e da cultura juiz-foranas. Com a Medalha, que traz o nome de um representante das raízes de nossa cultura afrodescendente, queremos dar um foco de luz em pessoas e projetos que têm significado importante na história da cultura local, mas que, muitas vezes, não são sequer lembrados.

Reconhecer nossa arte se faz ainda mais do que necessário quando se luta contra forças da indústria cultural que seduz milhares de pessoas e investe em apenas alguns segmentos. Mais do que isso, a valorização da cultura local é essencial para entendermos um pouco mais sobre o nosso território, a nossa gente e a maneira de pensar e produzir de nossa população.

Em um momento de tantas incertezas e revezes no mundo político e cultural, entendemos que a valorização do artista como um todo é essencial para demarcarmos o território importante da cultura e dos artistas, e é o que propomos com essa medalha. Uma homenagem que chega tardiamente para uma classe que merece toda a nossa reverência e que tem tido papel fundamental na divulgação da consciência, diversidade, diversão e no fomento de valores essenciais de construção da nossa sociedade.

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