Esperar, orar e jejuar


Por Equipe Igreja em Marcha, Grupo de leigos católicos

17/12/2016 às 07h00

Amanhã, celebramos o quarto domingo do Advento, que inicia para nós católicos o ano litúrgico. Embora o comércio reconheça esse tempo como uma festa de consumo, de excessos de comida e bebida, para nós cristãos esse deve ser um tempo forte e fecundo para o crescimento interior, como preparação para a chegada de Jesus, que se repete sempre como oportunidade que Deus nos concede para nossa conversão pessoal e coletiva.

A rememoração litúrgica do mistério da encarnação nos convida a perceber o quanto ainda falta a presença do Jesus em nosso mundo. Ele abriu mão de sua dignidade de Deus para se tornar um frágil menino entre nós e para nós. Será que nós, em nossa vida cotidiana, somos capazes de abrir mão e renunciar a privilégios próprios à nossa própria satisfação em função do bem-estar coletivo daqueles que dizemos amar? Será que, como coletividade, os cristãos estão saindo de sua comodidade para fazer um mundo melhor para todos?

Nesse tempo, a Liturgia da Igreja nos pede jejum e oração. Não o jejum de fazer sacrifícios: isso não é agradável a Deus. Mas o jejum de nos abstermos de supérfluos, do excesso de consumo, como exercício de simplicidade e de partilha. Deixar de usar e consumir coisas de que abusamos e que fazem falta a outros para partilhar. Viver a simplicidade, a frugalidade que nos faz bem ao corpo e à alma. E nos prepara para receber e distribuir a graça da encarnação de Jesus ao mundo. Numa postura orante, pedir e fazer acontecer uma maior presença de Jesus em torno de nós: na família, no trabalho, nas paróquias, comunidades, enfim: que, onde estivermos, a presença de Jesus se faça sentir, mesmo que não falemos explicitamente no Seu santo nome.

A Santa Liturgia nos oferece três principais modelos: o profeta Isaías, que antecipa a missão de Jesus, a qual deve ser também a nossa missão “Anunciar a boa nova aos pobres/libertar os presos/recuperar a visão dos cegos/libertar os oprimidos” (Is 61,1-2). O segundo é João Batista, profeta corajoso que dá sua vida para preparar o mundo para Jesus, cuidando de Seus caminhos, denunciando a iniquidade como obstáculo à plena presença salvífica do Cristo.

Finalmente, o exemplo maior de Maria, dócil à vontade de Deus, mas forte ao anunciar o Reino no seu canto: “dispersar os soberbos, depor os poderosos, exaltar os humildes encher de bens os famintos e despedir os ricos de mãos vazias”. (Lc 1, 46-56). Com eles, vamos preparar um Natal que seja feliz e permanente.

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