Taxa de homicídios aumenta 481%
Jorge Sanglard<
Jornalista e pesquisador
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“A Tribuna de Minas, nos últimos anos, vem apurando e publicando diariamente os dados sobre a violência e jogando um feixe de luz sobre a questão que desafia Juiz de Fora”
Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2016, Juiz de Fora viu o número de homicídios bater o recorde histórico, chegando a 154 assassinatos. Em 2015, ocorreram 131 homicídios. Em 2014, tinham acontecido 141 assassinatos, e em 2013 foram 139 assassinatos. Há uma década, em 2006, tinham acontecido 32 homicídios. Portanto, em apenas dez anos, o crescimento no número de homicídios foi de 481%. Esse aumento assustador é um sinal claro e inequívoco de que pouco tem sido feito nos últimos dez anos para diminuir drasticamente a trágica realidade da matança, que passou a imperar, principalmente, entre a juventude em três regiões da cidade: a Zona Norte, a Zona Sudeste e a Zona Leste. Este é um desafio para a cidade enfrentar em 2017. E só tem sido possível tomar conhecimento desses números trágicos da matança que se abate sobre a cidade porque a Tribuna de Minas, nos últimos anos, vem apurando e publicando diariamente os dados sobre a violência e jogando um feixe de luz sobre a questão que desafia Juiz de Fora.
Em 25 anos, entre a década de 1990 e os últimos anos, Juiz de Fora saiu de 4,4 homicídios por cem mil habitantes para 28,4 homicídios por cem mil habitantes, apresentando um aumento de 238%. De uma cidade pacífica e ordenada, Juiz de Fora viu explodir a taxa de homicídios, deixando o grupo das cidades menos violentas do país. Nesse sentido, é preciso estudar profundamente o que ocorre na cidade, que tinha um padrão quase uruguaio de violência na década de 1990 e passou conviver com índices alarmantes na última década. Os dados estão sendo analisados pela Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal e pela OAB Subseção Juiz de Fora, que integram o Laboratório de Estudos da Violência em Juiz de Fora e elaboram o Mapa da Violência 2016 em Juiz de Fora.
Leandro Piquet Carneiro, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, que vem acompanhando atentamente o aumento da violência em Juiz de Fora e o crescente número de assassinatos na cidade, afirmou esta semana que medidas urgentes precisam ser adotadas. O renomado pesquisador alerta para o fato de que, se nada for feito pelo Estado e pela sociedade, a meta de homicídios para 2017 continuará sendo fixada pela “mão invisível” do crime, por centenas de traficantes de drogas ou por jovens em busca de vingança. Apenas nos três primeiros meses de 2016 já tinham ocorrido mais crimes violentos do que em todo o ano de 2006. Foram 35 homicídios em janeiro, fevereiro e março de 2016 contra 32 assassinatos no ano de 2006 inteiro. E, o pior, aponta o estudioso: em 2013, ocorreram 139 homicídios na cidade, o que equivale a uma taxa de 28,4 homicídios por cem mil habitantes, situando Juiz de Fora acima da média nacional, que em 2012 foi de 20,4. Uma década antes, a taxa de homicídios na cidade era de 8,4 por cem mil habitantes.
Na cidade, a OAB Subseção Juiz de Fora, a Comissão de Segurança da Câmara Municipal, a UFJF e a Prefeitura de Juiz de Fora criaram o Laboratório de Estudos da Violência, abrigado junto ao Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF, visando pesquisar, debater e contribuir para o enfrentamento da realidade do aumento da violência.