A democracia parece distante
Allony Rezende de Carvalho Macedo, Professor de história
Historicamente, os Estados Unidos intervieram, direta ou indiretamente, em governos democraticamente eleitos na América Latina a fim de desestabilizá-los e destituí-los, a troco de alçar ao poder lideranças alinhadas aos seus interesses. Com isso, contribuiu para espalhar ditaduras e regimes autoritários pelo continente. Em todas as vezes, justificou suas ações pelo argumento da proteção à “democracia”, de forma genérica. Foi assim ao longo de todo o século XX.
Fizeram isso aqui no Brasil, financiando o golpe civil-militar de 1964 em nome da “defesa da democracia”.
A Venezuela tem sob seu solo a maior reserva de petróleo do mundo, logo ao Sul dos Estados Unidos, controlada por um governo que não se alinha aos interesses diretos do Tio Sam, desde 1998, quando Hugo Chávez foi eleito democraticamente. Mesmo apoiando tiranias e ditaduras mundo afora, como na Arábia Saudita, o governo norte-americano diz estar preocupadíssimo com a democracia na República Bolivariana, desde 2012 sob a batuta de Nicolás Maduro.
É fato, porém, que Maduro excedeu e excede no arbítrio e no autoritarismo para se sustentar no poder, concentrando cada vez mais poderes, com apoio do Exército, do Tribunal Supremo de Justiça e, agora, com a Assembleia Constituinte. Além disso, o país vive uma grave crise econômica, explicada entre outras coisas pela queda no preço do petróleo e agravada pelo cenário político.
Mas também é fato que parte importante da desestabilização do país é patrocinada por uma oposição alinhada e, há quem diga, financiada por agências estadunidenses. Algo que começou ainda quando Chávez chegou ao poder e se precipitou no golpe de Estado sofrido pelo então presidente, em 2002.
Quaisquer que sejam os desdobramentos dos acontecimentos naquele país, de imediato e diante das evidências, é difícil crer que a democracia seja garantida por qualquer um dos lados que tenha êxito na sua empreitada.
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