Escravo e senhor das palavras


Por Tribuna

08/02/2017 às 03h00

“Durma tranquilamente sabendo que não alimenta ódio por alguém, que tentou fazer seu melhor sem interesses em obter vantagens. A vantagem maior é ter sua consciência limpa sempre”

Victor Rosa<

Servidor da Câmara dos Deputados – Brasília

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“O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.” Deparei-me com essa espetacular citação de Freud, postada por um colega em uma rede social, e me surpreendi com tanto conteúdo em tão poucas palavras. Como é nobre esse poder de sintetizar toda uma situação em duas linhas! Como é genial provocar uma reflexão em nosso comportamento falando tão pouco!

Bem, voltando ao assunto da citação, muitas vezes nos vemos em meio a um mundo de fofocas, de jogos de intrigas, de invejas. E lá está aquele tipo de pessoa má, que não perde uma oportunidade para cutucar, para denegrir, para fazer um pré-julgamento, para incitar todos contra um alvo que não tem a mínima chance de defesa. E muitos de nós embarcamos nesse jogo, nos tornamos “inimigos” de alguém que sequer conhecemos. De uma hora para outra, passamos a não gostar de uma pessoa, como se ela tivesse feito coisas terríveis.

Há um caminho para evitar que isso aconteça? Sim, há. Não só um caminho, mas algumas alternativas. A mais simples, e talvez a que ofereça uma solução paliativa apenas, é tirar de seu convívio a pessoa que age dessa forma. Resolve por um lado, já que evita o contato com gente assim, mas não é uma solução, digamos, altruísta. O outro caminho possível é manter essa pessoa por perto, ignorando esse tipo de conversa e desmotivando atitudes assim. Mostrar que esse tipo de comportamento em nada engrandece, em nada acrescenta; pelo contrário, só gera inimizades, só traz consequências danosas.

Falar dos outros, procurar sempre a culpa do lado de lá, deixar de olhar para si nada mais é do que uma espécie de defesa, defesa de pessoas fracas, de pessoas infelizes, pessoas com questões mal resolvidas. É justo deixar essas pessoas se afundarem ainda mais? Há quem não ligue, há quem ache que o melhor caminho é se afastar. Não concordo. Acredito ser possível mudar comportamentos com exemplos, com ações, com palavras. Não custa tentar. É bom acreditar na mudança de alguém, acreditar que podemos tirar uma pessoa de uma situação ruim, mostrar a ela que há um caminho diferente do rancor, do ódio indiscriminado.

Quer seja Pedro, quer seja Paulo. Fazer o bem sem olhar a quem, como já dizem as vovós por aí. Releve algumas coisas, vale até mesmo engolir um sapo aqui, outro ali, evitando conflitos que não levam a lugar algum. Durma tranquilamente sabendo que não alimenta ódio por alguém, que tentou fazer seu melhor sem interesses em obter vantagens. A vantagem maior é ter sua consciência limpa sempre.

É isso.

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