Só pode ter um
As urnas deste domingo vão definir o projeto a ser executado nos próximos quatro anos, mas há outras pautas que estarão sendo jogadas neste pleito
Quatro semanas após definirem os dois finalistas do pleito nacional, os eleitores voltam hoje às urnas para eleger o mandato a ser inaugurado em 2023: seja pela volta do ex-presidente Lula, seja pela recondução do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, como num roteiro Highlander, só pode ter um.
Como uma das principais economias globais, o Brasil desperta a atenção do mundo em razão das implicações do pleito nas relações internacionais. No entanto o principal detalhe está no espaço interno ante a polarização que se estabeleceu, já a partir de 2018, com contornos mais agudos este ano. São dois projetos distintos, que despertam paixão e embates entre os seguidores – muitas vezes acima do tom que se espera de uma disputa republicana. Mas é do jogo.
Encerrado o processo eleitoral e definidos os eleitos – o que vale também para os estados -, a discussão seguinte é sobre que país emergirá das urnas deste domingo e como enfrentar os inevitáveis desafios que virão pela frente. O embate entre os dois discursos terá desdobramentos nas ações dos parlamentos, e os dois projetos não vão terminar com o anúncio dos resultados. A questão é saber como seus atores vão atuar daqui por diante.
Democracias implicam diferenças, e estas são fundamentais para o próprio mandato, mas a forma como esse debate será feito será definidora dos próximos anos da jovem democracia brasileira, o que envolve – mesmo de forma antecipada – os próximos pleitos. Se eleito, o ex-presidente Lula diz que não irá tentar a reeleição. Se vencer, o presidente Jair Bolsonaro estará impedido de um novo mandato em sequência.
Isso significa que as urnas de hoje também serão o espelho dos pleitos seguintes, com o surgimento de novos players que já ensaiam passos mais largos a partir de agora. O governador mineiro Romeu Zema está dentro desse contexto, assim como São Paulo vai apontar um futuro pré-candidato à Presidência ou o Rio Grande do Sul. Há, pois, fortes implicações na disputa que ora chega ao seu derradeiro momento.
Há, é fato, atuais e futuros desafios que estarão na agenda dos governantes. Num mundo globalizado e com tantas idas e vindas, a gestão a ser inaugurada em 2023 terá que dar respostas para a economia, especialmente. Depois da pandemia, o mundo tenta se reorganizar, e o Brasil não é diferente. As economias globais vivem, ainda, outras inflexões, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. Num cenário de dados conectados, não dá para dizer que estamos longe do conflito. Geograficamente, sim. Das consequências, não.
Num cenário paroquial, a eleição nacional também terá implicações no pleito de 2024, quando prefeituras e câmaras municipais estarão em jogo. Como é de praxe, muitos personagens já se movimentam. E não dá para falar em precipitação ante tantos processos que já estão em jogo. A conferir.