Medidas contra os incĂȘndios
Muitos focos são produzidos pela falta de chuvas, mas hå também casos em que a ação do homem foi fundamental para que ocorressem
IncĂȘndios naturais ocorrem com frequĂȘncia durante a seca devido Ă combinação de baixos nĂveis de umidade no solo e na vegetação que tornam as plantas e ĂĄrvores mais suscetĂveis Ă combustĂŁo. A observação do diretor do Jardim BotĂąnico da Universidade Federal de Juiz de Fora, Breno Moreira Motta, Ă© pertinente e deve servir de alerta, sobretudo nesse perĂodo. Na semana que terminou, diversos pontos da cidade registraram incĂȘndios em pastagens que, em alguns casos, causaram apreensĂŁo em decorrĂȘncia da proximidade com ĂĄreas residenciais.
O nĂșmero de ocorrĂȘncia sĂ© expressivo como mostraram os repĂłrteres Bernardo Marchiori, Elisabetta Mazocoli e Nayara Zanetti, que acompanham as ocorrĂȘncias dos Ășltimos dias. SĂł este mĂȘs, 60 foram registradas, nĂșmero 15 vezes maior do que o observado em janeiro, perĂodo de chuvas. Por seu turno, os meses de maio e de junho tiveram 253 registros.
As secas cada vez mais prolongadas e o aumento expressivo da temperatura sĂŁo indutores importantes para o aumento das ocorrĂȘncias, mas hĂĄ tambĂ©m o fator humano. Uma ponta de cigarro descartada na vegetação pode ter consequĂȘncias graves. AtĂ© mesmo em boas intençÔes, como queima controlada, hĂĄ problemas. SĂŁo açÔes que carecem de cuidado, sobretudo na elaboração de aceiros. Mas nem todos tĂȘm essa preocupação.
AlĂ©m dos riscos que levam Ă população, os incĂȘndios tambĂ©m causam danos ambientais de relevĂąncia, aumentando ainda mais o passivo de açÔes (e inaçÔes) em torno do meio ambiente. Ademais, ao consumir pastagens compromete a alimentação de animais que ficam em campo.
O Corpo de Bombeiros, e nĂŁo Ă© de hoje, faz alertas frequentes, mas ele tambĂ©m tem problemas, que passam por equipamentos e efetivos. Num dia de muitas demandas, como foi nos dias 24 e 25 deste mĂȘs, nĂŁo hĂĄ policiais suficientes para dar conta de tantos focos. As unidades, nĂŁo apenas em Minas, mas tambĂ©m em outras partes do paĂs, tĂȘm carĂȘncia de pessoal e a reposição Ă© sempre aquĂ©m das necessidades.
O combate aos incĂȘndios exige tambĂ©m processos pedagĂłgicos a fim de conscientizar a população sobre os seus riscos. Juiz de Fora tem matas importantes, como a do Krambeck que, nĂŁo fosse a atuação imediata dos bombeiros e voluntĂĄrios, teria sido atingida. Seria uma tragĂ©dia ambiental, por tratar-se de uma das principais reservas da cidade e um dos Ășltimos espaços de mata atlĂąntica.
Em vĂĄrias partes do mundo os incĂȘndios levam a tragĂ©dias. Nos Estados Unidos, todos os anos a regiĂŁo oeste do paĂs Ă© afetada por grandes focos, que destroem casas e levam a morte de moradores acuados pelas chamas. Em 2017, quase cem pessoas morreram em Portugal e no ano passado os bombeiros tiveram que retirar cerca de 1,5 mil pessoas de suas casas. As chamas consumiram pelo menos 7 mil hectares de floresta.
Os incĂȘndios em florestas sĂŁo praticamente inevitĂĄveis, mas atĂ© mesmo para tais casos Ă© preciso prevenir com açÔes que vĂŁo desde o treinamento atĂ© a construção em ĂĄreas inadequadas. Por mais que esforcem, os bombeiros nĂŁo dĂŁo conta em situaçÔes de grande demanda. DaĂ, e de novo, prevenir continua sendo melhor do que remediar.