CompetĂȘncia local
Por conhecer melhor as demandas da Cidade Alta, a Prefeitura tem meios de efetuar o gerenciamento da BR-440 com mais eficiĂȘncia
A municipalização da BR-440, diante dos prĂłprios fatos, Ă© a saĂda mais adequada para a finalização do projeto que hoje Ă© mais um estorvo do que uma solução para a mobilidade na Cidade Alta. Por isso, faz sentido o pedido da prefeita Margarida SalomĂŁo ao Dnit, como ela prĂłpria anunciou nas redes sociais. A obra, que jĂĄ dura mais de uma dĂ©cada, tinha como meta integrar as rodovias BR-040 e BR-267, mas tal projeto tornou-se inviĂĄvel pelo prĂłprio tempo ante a ocupação de regiĂ”es que seriam cortadas pela rodovia.
A municipalização tambĂ©m faz sentido por ser a Prefeitura – por meio de seus organismos de trĂąnsito – o ĂłrgĂŁo mais adequado para encontrar uma saĂda para o velho dilema urbano da regiĂŁo de SĂŁo Pedro. O municĂpio jĂĄ tem estudos sobre a elaboração de um binĂĄrio, que tiraria a maior parte da demanda de trĂĄfego da Avenida Costa e Silva e, ao mesmo tempo, daria uma nova formatação para a rodovia, hoje escoltada por uma via urbana que, por ora, Ă© o Ășnico caminho utilizado no trecho entre a entrada para o Bairro Casablanca e a Rua Roberto Stighert.
Ante a total falta de regras, a pista central Ă© utilizada para garantir acesso ao comĂ©rcio e a bairros, mas sem qualquer orientação. O Dnit nĂŁo tem qualquer competĂȘncia nesse gerenciamento, mas nĂŁo sinaliza para o encerramento da obra. Com o tempo, atĂ© mesmo o trecho pavimentado começa a ter problemas.
Na altura da Represa de São Pedro, a obra de ligação com a BR-040 simplesmente parou. Os muitos usuårios de caminhadas e corridas se deparam com um tapume que não impede a vista do traçado até a 040, embora o impasse ambiental jå superado..
O governo federal anunciou um amplo levantamento de obras paradas, e Juiz de Fora tem alguns projetos federais que continuam no papel ou ficaram no meio do caminho. A Prefeitura ainda nĂŁo revelou seus planos para a Cidade Alta, isto Ă©, se vai levar adiante o projeto da administração passada ou se irĂĄ elaborar novos estudos. O Ășnico dado real Ă© a possibilidade de solução.
A ocupação urbana nĂŁo sĂł impede a formatação do projeto original, mas tambĂ©m leva a novos estudos sobre a utilização da rodovia. VĂĄrios empreendimentos estĂŁo se instalando Ă s suas margens, o que dĂĄ ao municĂpio a oportunidade de estabelecer um novo polo de desenvolvimento na regiĂŁo. Para tanto, Ă© preciso conciliar estes novos projetos com a população, especialmente os moradores que hoje nĂŁo sabem qual serĂĄ o seu futuro, jĂĄ que estĂŁo em ĂĄreas de possĂvel desapropriação.
A prefeita, em sua passagem por BrasĂlia, como a Tribuna destacou na sua edição de sexta-feira, tambĂ©m articulou recursos da UniĂŁo para vias federais que cortam a cidade. A margem esquerda da Avenida Brasil Ă© uma delas, por ser a continuidade da BR-267. Recursos do Dnit seriam fundamentais para sua plena recuperação, especialmente na Zona Norte, facilitando os projetos de mobilidade, combinados com açÔes do municĂpio, que precisam ser implementados na regiĂŁo.
Os municĂpios, que ficam com a menor parte dos recursos, acabam se responsabilizando por questĂ”es que deveriam ser compartilhadas com as demais instĂąncias, o que evitaria o pĂ©riplo permanente de prefeitas e prefeitos pelos gabinetes oficiais em busca de recursos que, em tese, deveriam ser naturalmente transferir para a sua competĂȘncia.