Futuro incerto
Rodovia idealizada para ligar o Centro à BR-040 carece de um debate mais apurado sobre sua vocação
Projetada quando o então prefeito Francisco Antônio Mello Reis implantou o Plano de Desenvolvimento da Cidade Alta, a BR-440 tinha como função ligar a BR-040 à BR-267, na margem esquerda do Rio Paraibuna, na Avenida Brasil. O traçado implicava passar pelo atual Bairro Casablanca, parte do Borboleta e Vale do Ipê até chegar à Avenida Rui Barbosa. Mello deixou a Prefeitura em 1982. A construção da rodovia chegou eivada de problemas: custos elevados e desapropriações impagáveis ante a densidade demográfica com um novo perfil. O Vale do Ipê, quando Mello o considerava como via de acesso, era apenas uma ideia, hoje é um bairro.
Junto a esses problemas, a obra passou por uma série de questionamentos em torno de seus custos e esbarrou numa demanda ambiental que ainda está sob discussão. São menos de 500 metros entre o trecho na altura da Represa de São Pedro e a BR-040, mas os ambientalistas consideram um risco colocar um trânsito pesado tão perto de um manancial. O Dnit garante que essa questão está superada, mas não adianta nada além disso.
Entre prós e contras, a discussão envolve a real necessidade do acesso, nos moldes originais. Os críticos consideram como alternativa usar a rodovia como via urbana para facilitar o trânsito já conturbado na Cidade Alta, especialmente na Avenida Costa e Silva. Os defensores do investimento entendem que é fundamental terminar a obra.
Os dois lados têm razão, pois a Cidade Alta tem uma das maiores taxas de crescimento populacional não apenas por conta dos condomínios mas também pelas novas unidades habitacionais ora em construção. Nos horários de pico, a Avenida Costa e Silva não suporta o fluxo, especialmente na altura da saída norte da Universidade Federal.
Mas deixar o projeto como está leva a um cenário em que todos perdem. Moradores do entorno da rodovia vivem momentos de medo, especialmente no período das chuvas, e os usuários têm uma via paralela que não passa por reformas por conta dos trabalhos na pista principal. Seu uso é um tormento coletivo.
A municipalização é uma alternativa, mas, numa situação financeira crítica, a Prefeitura só deve levar essa questão quando a obra estiver pronta. Aí, sim, seu uso será gerenciado pela instância local, com dados mais apurados para verificar a sua vocação dividida, hoje, num misto de via de acesso e área de lazer, especialmente para caminhadas, corridas e uso de bicicletas.