Interesse mĂștuo
UniĂŁo e o governo de Minas devem sentar Ă mesma mesa para discutir um acordo que atenda aos dois lados, sem comprometer os serviços pĂșblicos do Estado
Ă oportuna a ideia do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional, de convidar o governador Romeu Zema para uma reuniĂŁo em março para tratar da repactuação da dĂvida de Minas com a UniĂŁo com o ministro da Fazenda Fernando Haddad, da qual tambĂ©m deve participar o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Leite.
Seria a forma mais adequada para mostrar ao ministro o interesse comum das instĂąncias de poder do Estado e apartado do viĂ©s ideolĂłgico como foi ensaiado durante um bom tempo, quando o governador Romeu Zema se manteve distante do presidente Lula. Na sua visita a Minas, o chefe do Governo quebrou o gelo e conversaram republicanamente sobre a dĂvida que se tornou o principal entrave para açÔes do Estado.
Na justificativa, Rodrigo Pacheco observa ser importante aproveitar o mĂȘs de março e avançar de modo definitivo na questĂŁo, ânĂŁo sĂł da dĂvida de Minas em si, para pagamento da dĂvida, como eventualmente uma solução federativa para todos os estados, num programa que considero ser desejo tambĂ©m do ministro Fernando Haddad e do presidente Lula.â
Pacheco tem razĂŁo, pois vĂĄrios outros estados estĂŁo na mesma situação e os que fizeram acordos nos moldes do que foi firmado pelo Rio de Janeiro, nĂŁo tiveram meios de cumprir suas metas, sendo obrigados a novas negociaçÔes. Se todos estiverem Ă mesma mesa, serĂĄ possĂvel construir uma solução que atenda a todas as partes. A UniĂŁo tem interesse direto em receber e os estados tĂȘm interesse em pagar para fugirem da inadimplĂȘncia que os impede de buscar novos crĂ©dito. Como acordo bom Ă© tem que ser bom para os dois lados, Ă© possĂvel avançar, como entende o presidente do Congresso.
O Regime de Recuperação Fiscal Ă© um mecanismo legal que oferece aos estados com desequilĂbrios financeiros a oportunidade de reajustar suas contas. Ao flexibilizar as regras fiscais, ele permite aos estados maior liberdade para gerir suas finanças; suspende o pagamento de dĂvidas aliviando temporariamente a pressĂŁo financeira e ainda facilita a obtenção de crĂ©ditos com a garantir da prĂłpria UniĂŁo.
Os inconvenientes se apresentam nas restriçÔes orçamentĂĄrias, uma vez que os estados devem aderir a um rĂgido plano de austeridade, que pode implicar em congelamento de salĂĄrios e proibição de concurso pĂșblico, como estava previsto na proposta inicial encaminhada pelo Governo de Minas Ă equipe econĂŽmica. A ação do senador Rodrigo Pacheco passou por essa questĂŁo, uma vez que – com respaldo do presidente da Assembleia e vĂĄrios deputados – criou-se o consenso de ser o pior dos mundos, pois mexeria direto com servidores e levaria Ă privatização de ativos como a Cemig.
Nessa nova rodada, um novo acordo deve ser levado em conta, sobretudo nas contrapartidas dos estados, pois foi esse o modelo que, em vez de ajudar, comprometeu vårios entes federados. A solução a ser buscada deve ser o roteiro comum para os próximos acordos.