As chuvas são mais um sinal de alerta da instabilidade climática

A instabilidade climática vai provocar fenômenos recorrentes, como chuvas intensas e secas prolongadas, sem que a humanidade se convença de suas responsabilidades


Por Paulo Cesar Magella

18/12/2025 às 10h59

O temporal de segunda-feira, que passou dos cem milímetros em Juiz de Fora, é a prova real da instabilidade climática que assola o planeta. Na madrugada dessa quarta-feira, foi a vez de Petrópolis, com uma precipitação em torno de 60 milímetros, mas suficiente para inundar ruas e colocar em risco a população das encostas. A prefeitura suspendeu aulas em toda a rede de ensino e deslocou moradores das áreas de risco.

Em Juiz de Fora, felizmente, não houve vítimas fatais, e os moradores afetados puderam voltar para suas residências ou foram acolhidos por pessoas próximas. Estão desalojados, mas não desabrigados. De acordo com a Defesa Civil, o último temporal com a mesma magnitude ocorreu há 143 anos.

Com o descontrole da natureza, os municípios devem insistir em políticas de prevenção. As obras de drenagem que ainda estão em curso fazem parte desse pacote, sobretudo em cidades cercadas por encostas. As águas de rios e córregos, antes de chegarem ao Rio Paraibuna, passam por vários caminhos, alguns deles sob o asfalto ou com pontos de estenose, como o Córrego São Pedro, na altura do Bairro Democrata, e o Córrego Matirumbide, no Bairro Bonfim, que levou ao rompimento da tubulação sob a Rua Professor Francisco Faria.

O bom uso das redes sociais também foi positivo, sobretudo ao orientar os motoristas para que evitassem pontos de alagamento, como o Mergulhão, cujas bombas não deram vazão ao fluxo de água. Em algumas áreas, há, de fato, necessidade de intervenções futuras.

As medidas preventivas demandam recursos, e a instância política também precisa atuar nesse sentido, apresentando emendas para obras de saneamento. Há os que, em vez de propor, criticam em nome de um ideal político inoportuno. Em momentos como esse, todos estão no mesmo barco.

A outra questão é a necessidade de se preparar para os próximos eventos. As chuvas, daqui por diante, tendem a ser mais intensas, e as secas, mais prolongadas. O que ocorreu em Juiz de Fora e se replicou em Petrópolis pode atingir qualquer parte do país. Em Belo Horizonte, a região de Santa Luzia também ficou sob as águas.

O efeito estufa é uma realidade, e é preciso estabelecer processos para enfrentar suas consequências, sobretudo por ficar claro, como na COP 30, que os países ainda estão distantes de um consenso envolvendo políticas ambientais. O Ártico passa por um dos momentos mais críticos, mas insuficientes, também, para convencer que a própria humanidade está encurtando a vida do planeta.

 

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