Enfim uma boa notícia
Por iniciativa do Ministério Público, grupo de trabalho vai elaborar estudos para criação da Rodovia do Minério para uso exclusivo dos veículos pesados das mineradoras
Quando se trata da BR-040, a Tribuna tem sido recorrente em avaliar dois pontos que os próprios usuários consideram como críticos. Entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora, a Região Serrana é fator de permanente risco por conta da subida em curva pela qual também passam caminhões de grande porte. Ultrapassá-los não é uma operação simples, sobretudo quando se trata de bitrens ou de cegonheiras, que praticamente ocupam duas pistas. Somes-se a isso as condições do tempo, em boa parte do ano sob cerração, comprometendo a visibilidade. No ciclo das chuvas há, ainda, desabamentos.
O problema já era para ter sido resolvido há pelo menos dez anos, quando a Concer fez uma série de obras no trecho, sendo a construção de um túnel de cerca de cinco quilômetros a atuação mais ousada da engenharia. No entanto, questões políticas e jurídicas, que perduram até hoje, paralisaram os trabalhos. O que foi feito está à mercê do tempo. O próximo certame prevê como meta prioritária a conclusão das obras, mas não se sabe qual o prazo a ser estabelecido.
No trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, cuja concessão, agora, é do Consórcio EPR, o ponto crítico se situa entre Conselheiro Lafaiete e o trevo de acesso à rodovia que vai para Ouro Preto. Além da qualidade da pista, a falta de sinalização adequada é um problema constante, mas o maior risco é a convivência com os veículos pesados das mineradoras.
Isto posto, surge uma luz no fim do túnel. Na última terça-feira, por iniciativa do Ministério Púbico do Estado, foi realizada uma reunião cujo resultado foi um acordo a ser formalizado para a constituição da “Rodovia do Minério” e outras intervenções de mobilidade urbana na BR-040. As assinaturas para criação de um grupo executivo já estão sendo colhidas e, a partir daí, esse grupo fará avaliação do que é necessário para as obras. O diagnóstico deve ocorrer até o dia 28 de novembro.
Em entrevista após o evento, o procurador-geral do Estado, Jarbas Soares Júnior, destacou o que a Tribuna vem apontando há anos: o trecho é uma armadilha para os usuários. Cerca de 100 pessoas morrem todos os anos neste percurso e até hoje pouco ou quase nada foi feito. Ele considera ter sido um passo importante o fato de diversos atores – inclusive das mineradoras – terem apresentado o mesmo propósito.
Trata-se de um dado positivo, por indicar que as empresas não só reconhecem a sua responsabilidade como admitem participar do projeto, sobretudo por constatarem que todos ganham. Afinal, recursos não faltam e fazer uma rodovia exclusiva lhes facilita a logística de transporte de uma das principais commodities do país.
A segurança dos usuários, inclusive dos caminheiros, deveria ter sido o ponto principal de todas as discussões que foram feitas até hoje. A iniciativa do procurador é louvável e espera-se que seja de fato levado adiante. A BR-040 é uma rodovia estratégica para o desenvolvimento, mas seu uso é de interesse coletivo, o que exige, pois, qualidade da pista e segurança. Nos últimos anos, o grande investimento foi a troca do Viaduto da Almas, ponto crítico de acidentes e duplicação de expressivo trecho, mas é preciso mais e a retirada dos caminhões deve ser a prioridade.