Só remendos
Rodovia, que já foi referência no processo de privatização, recebe apenas ações pontuais, sem data para finalização das grandes obras, como as da Serra de Petrópolis
O processo de privatização das rodovias foi um sucesso no país por mudar não apenas traçados mas também as condições das pistas, até então, precárias pelo país afora. O Dner, marcado por indicações políticas, não tinha condições de manutenção da malha viária, e o Dnit, seu substituto, não mudou praticamente nada. Na região, a BR-040, sob a gestão da Concer, tornou-se outra rodovia, fazendo da ligação com o Rio de Janeiro uma referência. Tinha tudo para ser um sucesso pleno com as obras na Região Serrana, até então um desafio para os motoristas por conta do seu sinuoso traçado.
Os episódios recentes, porém, apontaram para um outro caminho. Alegando falta de recursos, a concessionária pôs o pé no freio, o TCU denunciou irregularidades, e a obra parou. Nesse cenário de burocracias e interesses, quem perde é o usuário, que assiste cotidianamente à precarização do trecho, que já foi referência para outras concessões.
A Tribuna vem acompanhando esse enredo de perto.
O repórter Eduardo Valente e o fotógrafo Fernando Priamo têm feito incursões frequentes e relataram, na edição de ontem, a situação em que a rodovia se encontra. Apontaram não apenas a situação da pista e de seus equipamentos mas também a ação política que corre pelos bastidores. A empresa quer antecipar a renovação de seu contrato, a vencer em 2021, e o Governo reluta, aguardando sinal verde do Tribunal de Contas.
Nesse jogo de gato e rato, não há sinais de retomada da obra na Serra de Petrópolis, e já há quem defenda que a execução deva ser feita por outra empresa ou pelo próprio Governo, mas não existem garantias nesse sentido. Tal impasse exige a participação de outros atores. Juiz de Fora, parte diretamente interessada, elegeu três deputados federais em 2014 – Margarida Salomão (PT), Marcus Pestana (PSDB) e Júlio Delgado (PSB) – e espera deles uma empreitada nessa discussão, hoje liderada apenas pelo deputado Hugo Leal (PSB-RJ), de Petrópolis. O trabalho conjunto é fundamental, sobretudo para movimentar a área burocrática, infensa ao interesse da população.