PARA VALER
Ao voltar da China, o presidente Michel Temer irá se defrontar com um país em turbulência, ainda em função dos episódios da semana passada, quando foi trocada a guarda no Palácio do Planalto. Passado o êxtase da posse, que ele não escondeu, vai se deparar com o Brasil real, ávido por mudanças, mas preocupado com o que virá pela frente. Ao viajar ao outro lado do mundo, ainda com a faixa de posse no pescoço, adotou o simbolismo de mudança sem trauma, feito dentro dos preceitos constitucionais. Mesmo que a discussão volte ao Supremo, por iniciativa de ambas as partes, cada uma com sua demanda, o que se espera dele são medidas claras do que pretende fazer.
Em rede nacional, pregou a conciliação, pois sabe que vai precisar dela, mas terá que ficar atento não apenas à economia mas também ao processo político. O Congresso vive um pós-impeachment problemático, pois ainda há pendências a resolver, como o caso do deputado Eduardo Cunha. Protagonista no afastamento de Dilma Rousseff, ele é a bola da vez, carecendo, também, de uma resposta dura da mesma casa.
O problema pode estar no outro lado da rua, mas o presidente sabe, pois foi deputado a vida inteira, que um Congresso em crise compromete outros projetos, a começar pelos que exigem reformas drásticas e que devem entrar na agenda de deputados e senadores. Além do mais, precisa conquistar as ruas, pois, caso contrário, terá dois anos de pressão, algo que a agora oposição faz com grande competência.