Flash Flood urbano: ameaça às pessoas e ao patrimônio

“Esses eventos rápidos e violentos devem receber atenção especial e prevenção”


Por Geraldo César Rocha*

18/12/2025 às 08h00

Dentre os vários problemas ambientais urbanos de nosso país, destacam-se, em épocas chuvosas, as inundações rápidas (internacionalmente identificadas como flash floods).

Antes restritos às áreas rurais, resultantes de chuvas intensas à montante da drenagem, que concentram o fluxo hídrico e descem “levando tudo pela frente” (chamados de cabeça d’água), esses eventos rápidos e violentos devem receber atenção especial e prevenção também nas cidades, já que causam transtornos, perdas materiais e até possíveis fatalidades.

No meio urbano, o fenômeno ocorre devido a chuvas intensas e rápidas que caem em uma área com declive acentuado, o que faz com que haja aumento da energia cinética da água, a qual chega em grandes volumes em áreas à jusante, onde os sistemas de drenagem não conseguem escoar ou absorver a água devidamente, ocorrendo assim a inundação rápida.

A Rua Severino Meireles, no Alto dos Passos, é um local propício para esse tipo de evento, pois as águas da chuva que se acumulam ao longo da Avenida Rio Branco fluem, em alta velocidade, em sentido jusante ao longo da declivosa Rua Dr José Cesário.

Ao atingirem a Rua Severino Meireles, essas águas, com argilas em suspensão, sofrem quebra de energia e depositam os sedimentos, os quais momentaneamente bloqueiam a drenagem, levando assim à inundação brusca. O processo já é tão conhecido na região que a própria prefeitura da cidade colocou placas indicativas de alto risco de inundação no local. Não seria o caso de intervenção estrutural para diminuir esse vergonhoso risco?

O cenário de caos e veículos submersos e/ou à deriva indica, em área nobre da cidade, a incompetência do poder público na gestão urbana de uma situação preocupante, já conhecida e que se arrasta ao longo do tempo. Aqui também não se descarta a possibilidade de ferimentos ou mesmo fatalidade de ocupantes de veículos “pegos de surpresa”.

Assim, Juiz de Fora está longe de ser uma cidade que se pretende sustentável e resiliente, a qual sucumbe frente a um evento climático um pouco mais intenso, mas já conhecido e previsto em todas as suas fases e consequências.

*Geraldo César Rocha é geólogo e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora

 

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