Fazer a diferença
A corrupção deve ser combatida com transparência, mas é vital educar a população para que essa haja no controle dos autores de ilícitos
A pesquisa Barômetro Global da Corrupção, da Transparência Internacional, divulgada na segunda-feira (9), referente à América Latina, apontou números emblemáticos, que refletem com precisão o sentimento das ruas diante da corrupção. Setenta e oito por cento dos brasileiros acreditam que ela cresceu nos últimos 12 meses, mas há o lado positivo. Esses mesmos entrevistados consideram, por maioria expressiva de 83%, que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção. É maior taxa na região em que foram ouvidas 22.302 pessoas residentes em 20 países da América Latina.
A percepção de crescimento da corrupção pode se justificar no maior volume de ações da Polícia Federal e do Ministério Público, com a consequente identificação e a punição dos que usaram o dinheiro público para demandas pessoais. Com a exposição pela mídia, o entendimento é que a situação piorou. Há dúvidas, mas indica que os criminosos estão sendo mais vigiados. O controle pelas instituições é fundamental para a vigilância continuar.
Combater a corrupção, porém, não é um ato exclusivo da Polícia Federal ou do Ministério Público. Ele começa dentro de casa, bastando a observação de pequenos incidentes. Furar fila, jogar lixo na rua são passos iniciais que devem ser combatidos com educação. Ademais, a figura do corrupto não se esgota em si mesma. Para que haja, é necessário o outro polo da relação: o corruptor. Ambos devem ser punidos pelo Estado, mas é vital insistir na educação.
A sociedade precisa transformar o combate à corrupção em uma causa diária, que vai desde os pequenos gestos às grandes questões. Só assim será possível virar o jogo, sobretudo por ficar claro que, a despeito de tantas ações, novos casos continuam sendo revelados, indicando que o processo não parou.