Tarifaço dos EUA: Brasil e Estados Unidos definem cronograma e abrem nova rodada de negociações

Lula e Trump discutem tema na Malásia; tarifas seguem vigentes enquanto equipes preparam reuniões em Washington


Por Estadão Conteúdo

27/10/2025 às 08h09

O Brasil e os Estados Unidos concordaram em estabelecer um cronograma de negociações nas próximas semanas para tratar do tarifaço aplicado a produtos brasileiros, mas não houve suspensão das tarifas. A decisão foi comunicada nesta segunda-feira (27), em Kuala Lumpur (Malásia), após reunião entre integrantes dos dois governos e na esteira do encontro de sábado (25) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Donald Trump.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, os países organizarão uma agenda técnica em Washington com “equipe de alto nível” para tentar fechar um entendimento. “Deveremos ter um acordo nas próximas semanas”, disse Elias Rosa, ao informar que “os aspectos políticos já não estão mais na mesa” e que a negociação passa a se concentrar em termos comerciais. O governo brasileiro reiterou o pedido de suspensão temporária das tarifas durante o processo, mas esse ponto não foi atendido até o momento.

A rodada desta segunda ocorreu no hotel The Ritz-Carlton, onde está hospedada a delegação americana. Pelo Brasil, participaram Mauro Vieira, Márcio Elias Rosa e o embaixador Audo Faleiro. Pelo lado americano, estiveram o representante comercial Jamieson Greer e o secretário do Tesouro, Scott Bessent. A orientação para o avanço das conversas foi dada no encontro de Lula e Trump, realizado em Kuala Lumpur.

Conversa “surpreendetemente boa”

Em entrevista coletiva, Lula afirmou que a conversa com Trump foi “surpreendentemente boa” e que há disposição de ambos para um acerto. “Se depender do Trump e de mim, haverá acordo”, declarou. O presidente destacou que, apesar de diferenças ideológicas, a relação deve ser conduzida com respeito institucional: “O fato de termos posições políticas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem a relação entre seus países com respeito. Ele me respeita porque fui eleito pelo voto democrático do povo brasileiro, e eu o respeito porque foi eleito pelo povo americano.”

Lula disse ter entregue por escrito as demandas brasileiras e reiterado a solicitação de suspensão das tarifas, que considera “injustas e baseadas em informações equivocadas”. Segundo ele, apresentou dados de comércio bilateral: “Disse a ele (Trump) que as decisões foram infundadas e que os dados sobre o Brasil estavam errados. Mostrei que os Estados Unidos tiveram superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos.” De acordo com o presidente, Trump orientou sua equipe a buscar uma solução “em poucas semanas”.

O presidente também afirmou que não aceitará condicionantes de natureza política nas tratativas e rejeitou a politização do tema. Na coletiva, relatou ter defendido a seriedade das instituições brasileiras ao comentar com Trump processos conduzidos no País. Segundo Lula, “ele entendeu a seriedade do caso e ficou surpreso com as informações”, em referência a discussões internas brasileiras mencionadas no encontro. Para Lula, “quem imaginava que eu não teria relação com os Estados Unidos perdeu. Vai ter, e vai ser uma relação produtiva entre dois países democráticos.”

Implicações com a China

Questionado sobre possíveis impactos do entendimento com Washington na política externa, Lula respondeu que o diálogo com os Estados Unidos “não tem nenhuma implicação na relação do Brasil com a China” e que se trata de agendas distintas. “Isso não tem nenhuma implicação na relação do Brasil com a China. São coisas totalmente distintas”, disse. Ele reforçou que o Brasil manterá relações autônomas e equilibradas com todos os parceiros, inclusive a União Europeia: “Não há condicionalidade para que a gente possa fazer um acordo, e nem eu aceitaria condicionalidade. Os Estados Unidos estão de acordo com quem quiser, e eu faço acordo com quem quiser.”

Ao final da reunião desta segunda, os dois governos saíram com o compromisso de estruturar a agenda técnica e retomar as conversas em Washington nas próximas semanas. Até lá, as tarifas permanecem em vigor, enquanto as equipes afinam os termos de um possível entendimento comercial.

*Texto reescrito com o auxílio do Chat GPT e revisado por nossa equipe

Resumo desta notícia gerado por IA

• Brasil e EUA definem cronograma e nova rodada de reuniões em Washington para tratar do tarifaço.
• Não houve suspensão das tarifas; governo brasileiro mantém pedido enquanto negociações avançam.
• Lula disse que conversa com Trump foi “surpreendentemente boa” e que ambos querem acordo em poucas semanas.
• Planalto afirma que tratativas não impactam a relação com a China e rejeita condicionantes políticas.

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