Alunos ficam sem acesso a serviços
A greve dos técnicos-administrativos da UFJF completou ontem duas semanas. Com a paralisação, muitos alunos estão sem acesso a serviços no campus, como almoço no RU, biblioteca e solicitação de informações à Central de Atendimento. A Tribuna acompanhou ontem a movimentação na Reitoria e encontrou alunos perdidos e sem saber em qual departamento recorrer para resolver suas pendências.
Depois de muitas tentativas para resolver o pagamento da bolsa de treinamento profissional que recebe pelo estágio no Museu de Arte Murilo Mendes, que também está fechado por conta da greve, a estudante de comunicação Roberta Heluey quase desistiu de buscar a solução para seu problema. “As informações que recebo aqui não são claras. Tem dois meses que estou sem receber, mas continuo trabalhando por orientação do coordenador”, desatabafa.
Nas imediações do RU, não há sinal de vida. O administrador da Trigoleve, terceirizada que presta serviços ao restaurante, Rodolfo Kalil Soares, se vê sem ação. Segundo ele, a empresa precisou acatar o pedido do comando de greve e não está servindo refeições. “Não podemos bater de frente com o movimento. No entanto, toda a equipe está de prontidão, aguardando para retomar o serviço.” Paradas, as duas unidades do RU estão deixando de servir, em conjunto, mais de cinco mil refeições diárias para almoço.
Incomodado com a situação, o estudante de engenharia ambiental Marcos Rafael de Almeida entrou com ação no Ministério Público reivindicando o término da greve. Segundo ele, muitos colegas estão passando dificuldades, sobretudo quanto à alimentação, pois boa parte almoça e janta na faculdade. “Não temos representatividade pois estamos sem o diretório estudantil. Estamos abandonados”. Em consulta ao processo, o MP informou que o mesmo já foi distribuído às procuradorias e que, na próxima semana, o promotor deve se posicionar.
Moção de apoio
Em nota, a UFJF reconheceu que o funcionamento de alguns setores estão alterados e informou que, na biblioteca, os prazos de empréstimos já efetuados serão prorrogados durante todo o período de greve. A Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara) também permanece fechada, funcionando em regime emergencial conforme negociação com o comando de greve. A unidades dos HUs Dom Bosco e de Santa Catarina também tiveram seus atendimentos parcialmente atingidos.
O Conselho Superior da UFJF aprovou, por unanimidade, moção de apoio ao movimento nacional dos servidores. O documento será entregue pelo reitor Júlio Chebli, na segunda-feira, aos representantes do comando de greve local. Conforme o texto, “a defesa da Universidade Pública, gratuita e de qualidade e socialmente referenciada passa pela valorização dos técnico-administrativos em educação”.
O movimento deve permanecer por tempo indeterminado, conforme o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (Sintufejuf). Ontem, um despacho expedido pelo ministro relator do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Napoleão Nunes Maia Filho, reconheceu a legalidade da greve de determinou que o Governo apresente contraproposta à categoria. Em Juiz de Fora, o sindicato realiza nova assembleia na próxima terça-feira.
Refeições gratuitas devem continuar
Desde a última segunda-feira, alunos da UFJF participantes do Ministério Universidades Renovadas (MUR), ligado ao Ministério da Renovação Carismática Católica (RCC), vem oferecendo almoço gratuito aos estudantes. As refeições estão sendo servidas no pátio da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Bairro São Pedro, na Cidade Alta. Na última quinta-feira, eles conseguiram oferecer quase 200 refeições. A expectativa é continuar com o serviço, pelo menos, até o final do período letivo. “Temos recebido doações dos próprios professores e da comunidade local. Quem não pode doar, vem ajudar a preparar o almoço”, explica uma dos membros do MUR, a estudante de medicina Maria Pollyanna Lucarelli.
O estudante de engenharia elétrica Chafie de Paula, 18 anos, encontrou no almoço uma solução para a falta do RU. “Tinha conseguido comprar marmita por R$ 5, mas ficou bem caro. Aqui as pessoas ainda nos recebem com um sorriso”. Aluno do curso de mecânica Marlon Furtado, 19, usufruiu do almoço todos os dias da semana. “Eu moro no Centro e tenho aula de manhã e à tarde. Não dá tempo de vir em casa para almoçar.” Foram servidos ontem arroz, feijão, salada de batata, alface, torta de salsicha, suco e sobremesa.