Delegada Ione mantém em aberto possibilidade de disputar PJF
Apesar de não bater o martelo, deputada se diz animada com apoio do partido e que ‘tendência’ é de se lançar na disputa
Deputada federal em seu primeiro mandato, a Delegada Ione (Avante) mantém em aberto a possibilidade de se lançar candidata à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) nas eleições marcadas para outubro de 2024. Em entrevista concedida à Rádio Transamérica JF nesta segunda-feira (12), a parlamentar comentou acenos recentes feitos pelo presidente estadual do Avante em Minas Gerais, o deputado federal Luiz Tibé (Avante), favorável a sua candidatura. “Estou esperando mais um pouco, mas vou dizer uma coisa aqui: a tendência talvez seja essa. Por enquanto ainda não tomamos essa decisão, mas a gente está pensando com muito carinho.”
Ainda sem admitir a candidatura, pontuando que o martelo não está batido, a Delegada Ione afirmou que o intuito de momento é a de completar o mandato na Câmara dos Deputados. “A nossa intenção realmente é fazer um mandato completo em respeito ao eleitor. Mas eu sou majoritária aqui. Então, se o meu eleitor entender, como está dando a entender por outras pesquisas que outras pessoas fazem, eu devo ser mais útil nesse momento aqui em Juiz de Fora como prefeita, quem sabe? Não vou dizer aqui 100%, mas eu acho que quem manda é o eleitor. Eu fui eleita praticamente por Juiz de Fora e sou muito grata ao povo de Juiz de Fora.”
Apoio partidário
No fim de maio deste ano, a coluna Painel, da Tribuna, destacou o posicionamento do presidente do Avante em Minas Gerais, o deputado Luiz Tibé, sobre uma possível candidatura de Ione à PJF em 2024. Segundo Tibé, quando foi feito o convite de filiação da delegada, o partido já tinha como meta o lançamento da sua candidatura. “É uma convocação para aceitar o desafio. Temos convicção de que ela fará um grande trabalho. Para tanto, já estamos iniciando conversas com outros partidos para formação de uma grande aliança em torno de seu nome”, destacou, na ocasião.
Os desempenhos eleitorais de Ione podem pesar em uma decisão, tanto do ponto de vista da pressão partidária quanto da escolha da própria deputada. Com duas contendas eleitorais no currículo, pode-se dizer que Ione tem até aqui um bom retrospecto nas urnas da cidade. Em 2020, ela disputou seu mandato eletivo pela primeira vez e, de forma até surpreendente, terminou na terceira colocação e por muito pouco não avançou ao segundo turno do processo eleitoral vencido por Margarida Salomão.
À época no Republicanos, ela obteve 56.699 votos no primeiro turno da disputa, o que representou 21,83% dos votos válidos. Na ocasião, Margarida avançou para o segundo turno com 102.789 votos, 39,74% dos votos válidos, ao lado do empresário Wilson Rezato, então no PSB, que computou 59.633 votantes, 23,12% da votação válida. Dois anos depois, nas eleições gerais de 2022, a Delegada Ione foi a candidata a deputada federal mais votada em Juiz de Fora, cidade onde obteve 44.084 de seus 52.630 votos.
25% de vagas para mulheres em concursos na área de segurança
Durante a entrevista ao programa “Tribuna Transamérica”, a Delegada Ione voltou a defender a aprovação de um projeto de lei que defende a reserva de 25% de vagas para mulheres em concursos públicos na área de segurança. Segundo o texto do PL 5361/2019, o percentual deve ser aplicado sempre que o número de vagas for superior a cinco e a reserva deverá constar expressamente dos editais. No fim de maio, a proposição foi aprovada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
Vice-presidente do colegiado, Ione foi a relatora do projeto e deu parecer favorável à proposição. Na ocasião, a parlamentar pontuou que o acesso feminino a cargos na segurança pública é algo recente, e deve ser incentivado. O texto ainda segue em debate na Câmara dos Deputados.
Para defender a proposição, a deputada juiz-forana lembrou sua trajetória na Polícia Civil de Minas Gerais, na qual, inclusive, já desempenhou a função de delegada da Delegacia de Mulheres em Juiz de Fora. “A dificuldade que a mulher tem quando ela sofre violência doméstica é muito grande. A começar por sair de casa e encerrar aquela situação. Estamos falando de todos os tipos de violência: violência física, violência psicológica, violência sexual. São várias”, destacou.
A deputada pontuou ainda que, quando uma mulher “resolve romper esse ciclo da violência, a primeira atitude dela, muitas vezes, é procurar um posto de polícia para fazer o boletim de ocorrência”. Até porque são poucas as cidades que têm uma delegacia de mulheres. Pouquíssimas cidades mineiras têm uma casa de acolhimento. Ela vai ao posto de Polícia Militar. Hoje, em Minas, baseado em um decreto completamente inconstitucional, as concursadas respondem por uma porcentagem de 10%. Isso impacta diretamente na questão da mulher ter coragem de fazer o boletim de ocorrência.”
Exigência é vista como aliada na luta contra violência doméstica
Assim, a Delegada Ione defende que a aprovação da reserva e o consequente aumento das mulheres nos efetivos das forças de segurança seria uma aliada na luta contra a violência de gênero. “As mulheres vão até a Delegacia de Mulheres e a gente pergunta se ela fez o boletim de ocorrência. Muitas dizem: ‘ah não fiz’. Mas por quê? ‘Ah, porque eu fiquei com vergonha. Fiquei constrangida porque eu fui até um posto e só tinha homens e eu fiquei sem graça de falar’. Isso fez com que a gente entendesse que nós precisamos fazer algo para que haja mais mulheres nas forças de segurança.”
Para Ione, tal necessidade é mais visível no efetivo da Polícia Militar. “Quando a mulher liga para o 190 e pede uma viatura e pede para ser socorrida, muitas vezes, chegam lá só homens. É importante ter uma mulher. Principalmente ao fazer o boletim de ocorrência. Em cidades pequenas, principalmente, não há mulheres”, destacou, reforçando que a situação pode levar a problemas diversos como, por exemplo, a subnotificação.
“É importante qualificar essas mulheres para trabalhar contra a violência doméstica. Hoje nós não temos nem sequer 10% de mulheres nos quadros da Polícia Militar. Isso precisa avançar. Eu fiquei muito feliz porque nós já colocamos a discussão em pauta e já conseguimos aprová-la na Comissão da Segurança Pública com total apoio dos membros. Já demos o passo inicial para termos mais mulheres cuidando de mulheres”, avaliou a parlamentar.