STF decide terça-feira se recebe denĂșncia contra Bolsonaro por racismo
PresidenciĂĄvel jĂĄ Ă© rĂ©u em outras duas açÔes, pelos crimes de injĂșria e incitação ao crime de estupro
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) definirĂĄ na tarde desta terça-feira (11) se o candidato do PSL Ă PresidĂȘncia da RepĂșblica, Jair Bolsonaro, se torna rĂ©u pelo crime de racismo. CaberĂĄ ao presidente da Primeira Turma, ministro Alexandre de Moraes, dar o voto decisivo para desempatar o placar, depois de ter pedido vista para examinar melhor o caso.
O julgamento sobre o recebimento ou nĂŁo da denĂșncia de Bolsonaro começou no dia 28 de agosto, antes do atentado em Juiz de Fora. AtĂ© agora, os ministros LuĂs Roberto Barroso e Rosa Weber jĂĄ se posicionaram a favor do recebimento da denĂșncia formulada pela Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) contra o deputado federal, enquanto Marco AurĂ©lio Mello e Luiz Fux votaram contra.
Se a denĂșncia por racismo for aceita, serĂĄ aberta uma ação penal no STF para aprofundar as investigaçÔes contra o parlamentar, que serĂĄ colocado novamente no banco dos rĂ©us.
Bolsonaro jĂĄ Ă© rĂ©u em outras duas açÔes penais, pelos crimes de injĂșria e incitação ao crime de estupro, apĂłs ter declarado que nĂŁo estupraria a deputada federal Maria do RosĂĄrio (PT-RS) “porque ela nĂŁo mereceria”.
Desta vez, a PGR acusa o parlamentar de, em palestra realizada no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, se manifestar de modo negativo e discriminatĂłrio sobre quilombolas, indĂgenas, refugiados, mulheres e LGBTs.
Na palestra, Bolsonaro disse: “AlguĂ©m jĂĄ viu um japonĂȘs pedindo esmola por aĂ? Porque Ă© uma raça que tem vergonha na cara. NĂŁo Ă© igual essa raça que tĂĄ aĂ embaixo ou como uma minoria tĂĄ ruminando aqui do lado.” Na ocasiĂŁo, o parlamentar tambĂ©m afirmou que visitou um quilombola em El Dourado Paulista, onde “o afrodescendente mais leve lĂĄ pesava sete arrobas. NĂŁo fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhĂŁo de reais por ano gastado com eles.”
No mĂȘs passado, Barroso alegou que “arrobas e procriador sĂŁo termos usados para se referir a bichos”. “Portanto, eu penso que equiparar pessoas negras a bichos eu considero, em tese, para fins de recebimento de denĂșncia, um elemento plausĂvel da violação do artigo 20 (da lei 7.716, que prevĂȘ pena de um a trĂȘs anos e multa por discriminação ou preconceito de raça)”, observou Barroso.
Barroso ainda destacou outra fala de Bolsonaro, sobre homossexuais. O parlamentar disse: “NĂŁo vou dar uma de hipĂłcrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aĂ. Para mim ele vai ter morrido mesmo. NĂŁo vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater.”
Ao divergir de Barroso, o ministro Luiz Fux avaliou que, na essĂȘncia da fala de Bolsonaro, hĂĄ uma “crĂtica contundente Ă s polĂticas pĂșblicas”.
“Ele (Bolsonaro) nĂŁo foi ali para expor um ponto de vista sobre os diferentes. Ele foi ali fazer discurso polĂtico, dentro do contexto que sabe fazer, que Ă© pĂșblico e notĂłrio, que Ă© o discurso que ele tem. Cada um tem uma formação. Mas estamos aqui para julgar se houve crime”, comentou Fux.
“O melhor remĂ©dio para combater uma mĂĄ ideia Ă© o debate pĂșblico, e nĂŁo a censura. Com esse discurso, esse paciente se expĂ”e a crĂticas, mas ele nĂŁo pode se sujeitar a uma censura penal, a uma criminalização da sua liberdade de expressĂŁo”, rebateu Fux.
Tópicos: bolsonaro / eleiçÔes 2018