MPF apresenta denĂșncia contra agressor de Bolsonaro
Se condenado, Adelio Bispo de Oliveira estarå sujeito a pena de 3 a 10 anos de prisão, aumentada até o dobro, em razão da lesão corporal grave
O MinistĂ©rio PĂșblico Federal em Juiz de Fora (MPF) denunciou, na Ășltima segunda-feira (1Âș), Adelio Bispo de Oliveira. Caso a denĂșncia seja aceita, ele responderĂĄ por atentado pessoal, motivado por inconformismo polĂtico, ao esfaquear o candidato Ă PresidĂȘncia Jair Bolsonaro (PSL). O crime ocorreu em Juiz de Fora, no dia 6 de setembro, durante ato de campanha no CalçadĂŁo da Rua Halfeld. A denĂșncia Ă© embasada no primeiro inquĂ©rito concluĂdo apĂłs investigação da PolĂcia Federal.
Adelio Bispo foi enquadrado no crime tipificado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983). Se condenado, estarĂĄ sujeito a pena de trĂȘs a dez anos de prisĂŁo, aumentada atĂ© o dobro, em razĂŁo da lesĂŁo corporal grave. Segundo a denĂșncia oferecida pelo procurador da RepĂșblica em Juiz de Fora, Marcelo Borges de Mattos Medina, o objetivo de Adelio era excluir Jair Bolsonaro da disputa eleitoral do prĂłximo dia 7.
Para Medina, as investigaçÔes deixaram clara a motivação polĂtica do ato do agressor. Quando do seu depoimento na delegacia da PolĂcia Federal, Adelio Bispo alegou “duas motivaçÔes” para a sua conduta, “uma de ordem religiosa e outra de ordem polĂtica”. O procurador citou, tambĂ©m, que a motivação Ă© compatĂvel com a militĂąncia de Adelio, que jĂĄ tinha sido filiado a partido polĂtico por sete anos, perĂodo em tentou sair candidato a deputado federal.
Nos depoimentos, Adelio revelou que a ideia de atentar contra a vida do candidato surgiu quando soube, pelos jornais, que Jair Bolsonaro estaria em Juiz de Fora. Segundo a investigação, em julho de 2018, o acusado chegou a cadastrar-se em um clube de tiro em Florianópolis (SC), onde praticou tiro, justamente no dia em que um dos filhos de Jair Bolsonaro chegou àquela cidade para participar de um treinamento no mesmo estabelecimento.
Adelio chamava polĂticos de ‘inĂșteis’
Em suas postagens nas redes sociais, Adelio qualificava polĂticos como “inĂșteis” e pedia a renĂșncia do atual presidente da RepĂșblica, dentre outras postagens formuladas em tom de protesto, em particular contra a vĂtima. “Adelio Bispo de Oliveira agiu, portanto, por inconformismo polĂtico. Irresignado com a atuação parlamentar do deputado federal, convertida em plataforma de campanha, insubordinou-se ao ordenamento jurĂdico, mediante ato que reconhece ser extremo”, argumentou Medina.
O MPF tambĂ©m cita em sua denĂșncia as informaçÔes encontradas pela PF no celular de Bispo que, conforme a procuradoria, mostram a premeditação para a execução do atentado. No arquivo do aparelho, foram encontradas fotos do outdoor com a data da visita de Bolsonaro a Juiz de Fora e dos locais por onde ele passaria, como Funalfa, CĂąmara Municipal e o hotel onde Bolsonaro almoçou com empresĂĄrios.
A denĂșncia ressalta, tambĂ©m, os prejuĂzos potenciais e efetivos causados pela ação do denunciado. Para Medina, o atentado “representou violento golpe contra o regime representativo e democrĂĄtico”, colocando em risco a possibilidade de milhĂ”es de eleitores sufragarem as ideias e propostas com as quais se identificam.
“A tentativa de eliminação fĂsica do favorito na disputa pelo primeiro turno, em esforço para suprimir a sua participação no pleito e determinar o resultado das eleiçÔes mediante ato de violĂȘncia – e nĂŁo, como dito, mediante o voto -, expĂŽs o grave e iminente perigo de lesĂŁo ao regime democrĂĄtico; produziu risco sĂ©rio e palpĂĄvel de distorção no regime representativo, consistente na perspectiva de privação, Ă força, da possibilidade de milhĂ”es de eleitores sufragarem as ideias e propostas com as quais se identificam. De outra parte, no plano concreto, a conduta provocou lesĂŁo real e efetiva ao processo eleitoral, ao afastar o candidato Jair Bolsonaro da campanha nas ruas, talvez definitivamente, e ao exigir a reformulação das estratĂ©gias dos concorrentes”, reforça a denĂșncia.
Inquérito conclui que Adelio agiu sozinho
De acordo com relatĂłrio final de um dos inquĂ©ritos da PolĂcia Federal (PF), Adelio agiu sozinho no momento do atentado. Ele confessou o crime e estĂĄ detido no presĂdio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e estĂĄ isolado dos demais acautelados.
Uma nova denĂșncia poderĂĄ ser oferecida pelo MPF com base no outro inquĂ©rito aberto pela PolĂcia Federal. Nas investigaçÔes, a PF continua a busca por eventuais pessoas ou grupos criminosos que possam supostamente ter atuado como mandantes, colaboradores materiais ou mesmo instigando ou induzindo o autor.
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