Operação contra facção criminosa prende 16 pessoas e bloqueia R$ 18 bilhões

MP e polícias cumprem mandados em Minas, Rio, Espírito Santo e Amazonas; facção usava uniformes policiais em execuções


Por Sandra Zanella

25/09/2025 às 14h47

Pelo menos 16 pessoas foram presas e R$ 223,5 milhões em contas bancárias bloqueados durante a Operação Custos Fidelis, deflagrada nesta quinta-feira (25) “para combater a lavagem de dinheiro oriunda do tráfico de drogas comandado pela organização criminosa Família Teófilo Otoni (FTO), afiliada à facção Comando Vermelho (CV), no Norte de Minas. Ao todo, foram expedidos 48 mandados de prisão e 84 de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais, Amazonas, Rio de Janeiro e Espírito Santo, para “frear a expansão territorial das facções, marcada por violência extrema e movimentação de cifras milionárias”. Boa parte dos alvos não teria sido encontrada diante das restrições impostas para cumprimento de mandados em favelas do Rio.

As 83 ordens de bloqueios solicitadas somam R$ 18 bilhões, sendo a maior parte do montante composta por criptoativos. Também foi requerida a indisponibilidade de um imóvel de alto padrão adquirido com recursos do tráfico na Praia do Patacho, em Alagoas, avaliado em R$ 3,9 milhões, e a apreensão de oito veículos. A manobra foi desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Militar, com apoio da Polícia Civil e do Gaeco do Amazonas. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Teófilo Otoni.

arma - facção
Armas de fogo foram apreendidas durante cumprimento de mandados (Foto: Divulgação/MPMG)

“As investigações revelaram que a FTO opera como uma verdadeira empresa do crime, com núcleos de logística, finanças e ataques armados. Entre as táticas utilizadas, destaca-se o uso de fuzis e uniformes policiais em execuções de rivais, aumentando a letalidade dos ataques e gerando intimidação à população”, destaca o MPMG. Em menos de um mês, a organização adquiriu R$ 8,4 milhões em drogas, com fornecedores do CV que operam diretamente do Amazonas. “A lavagem de dinheiro era sustentada por empresas de fachada nos setores de gás liquefeito, internet, câmbio e, principalmente, comércio atacadista de pescados.”

Uma dessas empresas movimentava cerca de R$ 25 milhões por ano, por meio de depósitos pulverizados de todo o país, inclusive de Teófilo Otoni e de Belo Horizonte. O Gaeco alerta que a falta de regulamentação eficaz transforma os criptoativos em um motor financeiro do CV. “Apesar do robusto bloqueio patrimonial, o uso de bitcoins para escoar valores ilícitos representa um desafio crescente.”

Golpe contra o crime organizado

As investigações começaram há cerca de um ano e meio, no Gaeco de Governador Valadares. O CV estruturou “um verdadeiro serviço de atacado do tráfico”, abastecendo facções em diversos estados. “Empresas amazonenses de fachada funcionavam como hubs nacionais de aquisição de drogas, recebendo valores de Goiás, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo, Acre, e depois faziam rápidas evasões de valores por meio de compras de criptoativos.”

Desde o início das operações, a PM já havia efetuado a prisão de 40 suspeitos e apreendido mais de meia tonelada de drogas e 26 armas de fogo. Conforme o MP, a operação foi batizada de Custos Fidelis, “que significa guardião fiel, para lembrar que quem protege o território mineiro são as instituições públicas”.

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