JF tem paraquedismo há 30 anos, possui recorde sul-americano e busca expandir cenário
Modalidade tem mais de três mil praticantes profissionais, com 2.925 atletas e 317 instrutores
Paraquedismo é mais seguro que andar de carro. Foi o que mostrou uma pesquisa do site Best Health Degrees, a qual divulgou que a chance de morrer praticando o esporte radical é de um em 101.083. A atividade é também menos perigosa que praticar boxe ou canoagem, conforme o estudo. Mesmo que ainda exista um tabu sobre essa segurança, o cenário do paraquedismo no Brasil cresce a cada ano. Atualmente, segundo o censo realizado pela Confederação Brasileira de Paraquedismo, existem mais de três mil praticantes profissionais, com 2.925 atletas e 317 instrutores.
Em Juiz de Fora, os interessados podem fazer o esporte com a SkyDiveJF, situada no Aeroporto Francisco Álvares de Assis (Serrinha). O local também oferece cursos para quem quiser se tornar atletas profissionais. A prática do salto-duplo, em que um avião leva o praticante por cerca de 35 minutos e o instrutor pula junto e colocado com a pessoa, pode ser feito por qualquer indivíduo a partir dos 12 anos. Os interessados devem enviar mensagem para o Instagram @skydivejf.
O paraquedismo é a primeira modalidade da nova temporada da série da Tribuna de Minas denominada “TM Esporte Clube”. Nos próximos meses, a reportagem praticará os diferentes esportes que a cidade possui, para mostrar aos juiz-foranos que existem diversas outras possibilidades além dos tradicionais futsal, vôlei e basquete. Além da matéria no jornal impresso e site, um vídeo será publicado no Instagram @tribunademinas.
Segurança é primordial
Conforme o instrutor Fabiano Dominato, a segurança é a principal preocupação no paraquedismo. Hoje, com os avanços tecnológicos, os equipamentos se tornaram muito mais confiáveis, afirma. “Temos mochila, contêiner, paraquedas principal em baixo e reserva em cima. Todos os paraquedas ficam em uma sala climatizada e a cada 6 meses eles entram em manutenção, para checar costura, linhas, uma avaliação completa”.
Sobre essa questão, o instrutor Luiz Cláudio Santiago, o Dim, paraquedista há quase 30 anos, completa ao falar sobre o DAA (Dispositivo de Acionamento Automático). “Temos dois cortadores, que vão cortar, automaticamente, a corda que o paraquedista puxa para abrir o paraquedas. Mas, se tiver alguma intercorrência, o DAA aciona de forma automática. É um pequeno computador, dentro do paraquedas reserva. O instrutor liga o controle dele antes de saltar”, explica.
JF é detentora de recorde
A cidade possui, inclusive, o recorde brasileiro e sul-americano de saltos em período noturno, com 82 decolagens, conquistado em 2019 e que perdura até hoje. À época, o grupo também havia batido o recorde de mais saltos em 24 horas, com 111 tentativas de sucesso, número que já foi ultrapassado. Um dos responsáveis pela conquista foi Dim.
“O cenário aqui está crescendo, mas tem como expandir. Juiz de Fora é grande, e a gente percebe que muitas pessoas da cidade não sabem que existe o paraquedismo aqui. Faltam as pessoas virem conhecer, verem que tem essa oportunidade. Vem com medo, não precisa não ter, aqui a gente resolve, só precisa ter a vontade”, fala. Os atletas locais realizam uma competição anual, e alguns participam de torneios estaduais e nacionais.
“Todo salto é diferente”
De acordo com o estabelecimento, a cada dia, cerca de 12 saltos são realizados na cidade. São cerca de 30 segundos de queda livre e mais sete minutos com o paraquedas aberto até o pouso. O número de praticantes vem aumentando, comenta o instrutor Fabiano Dominato.
“O problema do paraquedismo é que ninguém consegue explicar o tamanho da sensação boa que nos traz. Todo salto, é uma sensação diferente”. Para que o praticante não tenha medo, os responsáveis avaliam cada caso. “Vemos se o passageiro está ansioso. Se estiver, falamos um pouco mais. Se estiver tranquilo, conversamos menos. Eles dizem que dá um receio quando chegam no momento de pular e olham para baixo, mas que, logo depois, têm a melhor sensação da vida”, relata Fabiano. “Costumo dizer que não pode deixar o bichinho picar, porque depois você não quer sair mais do mundo do paraquedismo”, finaliza Dim.