As trilhas e as minĂșcias
Comemorando 26 anos de criação, o Ipiranga Ibitipoca Off Road passa pelos ajustes finais antes da largada, no dia 1Âș de agosto, no estacionamento da Faculdade Suprema. Um dos mais charmosos ralis de regularidade do Brasil, o evento vai atrair 400 motos e 60 carros para os quase 400km de trilhas entre Juiz de Fora e Conceição de Ibitipoca. Relembrando o passado com orgulho, o coordenador geral do evento, Manoel Resende, mira um futuro em que tecnologia e responsabilidade sĂłcio-ambiental caminham juntas.
“Em cada fase, tivemos uma dificuldade diferente. No inĂcio era hospedagem, falta de comunicação, energia elĂ©trica precĂĄria em Conceição de Ibitipoca. Fazer a apuração de prova pelo computador era um problema. Naturalmente, o mundo foi evoluindo, facilitando umas coisas e dificultando outras. O evento cresceu muito, a vila nĂŁo comporta tantos veĂculos assim, e passamos a ter um problema ecolĂłgico sĂ©rio. Sempre primamos muito pela preservação, alternando trilhas para dar tempo de se recuperarem. Apesar da procura enorme, nĂŁo podemos passar de 400 motos e 60 carros”, explica Resende.
Se o contato com a natureza Ă© o ponto alto dos ralis, a chave para o sucesso da competição estĂĄ na preservação do meio ambiente. O evento conta com o selo Evento Neutro de Carbono, concedido pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza, que calculou a emissĂŁo de diĂłxido de carbono na prova, e fez a compensação com o plantio de mudas nativas da Mata AtlĂąntica em ĂĄreas desmatadas. “Criamos tambĂ©m um movimento para recuperar as trilhas que foram degradadas, fazer o plantio de vegetação para evitar erosĂŁo. Ă outro desafio que vamos encarar daqui para frente. Nesses 25 anos, fizemos vĂĄrias coisas legais para a sociedade. Ajudamos o turismo, doamos computadores, material escolar e equipamentos para escolas carentes. Para os fazendeiros, demos arame farpado, porteira. Coisas que fazemos em contrapartida, para retribuir os favores que nos fazem.”
Tecnologia no meio
do mato
Nos dois dias do Ibitipoca Off Road, mais de cem pessoas trabalham diretamente no funcionamento do evento. Um exĂ©rcito que atua com a ajuda fundamental da tecnologia. “Hoje toda a prova Ă© monitorada por satĂ©lite. Quando saem de Juiz de Fora, os competidores levam dois aparelhos que registram todo o trajeto feito. Assim que chegam a Ibitipoca, os equipamentos sĂŁo entregues para a organização, e as informaçÔes, baixadas para o computador. Na mesma hora passamos uma ficha de performance para o piloto. A tecnologia tem sido muito importante nesse sentido”, afirma Manoel Resende.
Apesar da beleza do cenĂĄrio ser um dos principais atrativos para os competidores, a prova nĂŁo passa dentro do Parque Estadual do Ibitipoca. A reserva de proteção ambiental possui uma ĂĄrea de amortecimento com 3km de raio que impede a criação de trilhas nas proximidades. “Começamos a estudar a viabilidade de cada trilha com trĂȘs, quatro meses de antecedĂȘncia. Depois vem o simulado da prova, quando uma pessoa faz o circuito programado. Quando completamos tudo isso, vem a questĂŁo de consertar uma porteira aqui, uma ponte ali. No dia da largada eu vou na frente, abrindo a prova. Ă uma dinĂąmica complexa, mas prazerosa”, diz Manoel Resende.
Restando apenas 20 vagas para motos e oito para carros, o Ibitipoca Off Road conta pontos para o Campeonato Estadual de Regularidade, promovido pela Federação de Motociclismo de Minas Geais. A chegada da prova acontecerå no dia 2 de agosto no estacionamento da Faculdade Suprema. Antes da divulgação dos resultados oficiais acontecem eventos comemorativos, como a apresentação de motocross freestyle com Fred Kyrillos, Joss Cùndia e Giancarlo Bergamini, a partir das 14h.