Tite quer “convencer para vencer”
Brasil duela com a Arábia Saudita, que tem pouca tradição no futebol, nesta sexta em Riad, com novidades
A Seleção Brasileira visita a Arábia Saudita nesta sexta-feira, às 15h(de Brasília), no Estádio King Saud University, em Riad, na Arábia Saudita, em um duelo amistoso que para os canarinhos dá sequência à preparação para a Copa América do próximo ano, que será disputada em território brasileiro. Desde que foram eliminados pela Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, os canarinhos disputaram dois amistosos, vencendo os Estados Unidos por 2 a 0 e goleando El Salvador por 5 a 0.
O duelo desta sexta-feira mais uma vez será disputado contra um rival de pouca tradição no futebol, porém, o adversário chega em um momento positivo, já que o técnico Tite segue planejando usar os primeiros jogos após a Copa do Mundo para observar jogadores. O comandante deseja que a Seleção exiba um futebol consistente. “Sou um cara sonhador. Gosto de convencer para vencer. O que é convencer? É jogar bem. Senão, fica uma coisa ilusória: o resultado pelo resultado. Sei que tem que ganhar e a Arábia Saudita, também. Ao que eu me atenho? A um grande trabalho individual e coletivo. Convencer para vencer. É um pouco poético, mas é como vejo futebol”, disse. Na próxima terça, a Seleção vai enfrentar a Argentina às 15h, em Jeddah.
“A Arábia Saudita possui um time móvel, rápido e com qualidade técnica. Tem transições ofensivas e defensivas interessantes. Não é uma equipe estática, o que aumenta a dificuldade na marcação. Já a Argentina sempre traz a rivalidade. Vamos ter a oportunidade de conhecer alguns atletas, com diferentes estruturas táticas”, projetou Tite. Na tentativa de vencer e convencer, o poético técnico da Seleção mandará a campo a seguinte escalação para o confronto com a Arábia Saudita: Ederson, Fabinho, Marquinhos, Pablo e Alex Sandro; Casemiro; Fred, Renato Augusto, Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus.
“É muito difícil em pouco tempo de treinamento conseguir um sentido de organização. Vamos manter a estrutura básica e dar oportunidades para que os atletas possam desenvolver o seu melhor. O conjunto dará suporte para que atletas como Ederson e Fabinho produzam bem”, explicou Tite.
Espaço aberto
A tal reformulação defendida por muitos na Seleção Brasileira abriu espaço para que novos nomes sonhem em assumir de vez um lugar na formação considerada ideal pelo comandante do time canarinho. “Logicamente que estou em busca do meu espaço. Tantas lutas, dificuldades, choros, que todo mundo que tenta alcançar objetivos leva porradas na vida. Isso faz você amadurecer ainda mais. É muito bacana estar ao lado de caras como Neymar, Coutinho, só feras. É gratificante. Espero me dedicar o máximo para ajudá-los a não levar gols se tiver oportunidade de jogar”, disse o zagueiro Pablo, uma das novidades no time que vai enfrentar a Arábia.
Realmente o time que vai a campo tem muitos nomes que não foram para o Mundial ou eram reservas. Os lateral Fabinho e Alex Sandro, por exemplo, foram esquecidos no grupo que foi para a Rússia. O goleiro Ederson, o zagueiro Marquinhos, o volante Fred, por exemplo, estavam no banco de reservas. Vale lembrar que o treinador está poupando alguns titulares para o amistoso de terça-feira contra a Argentina.
Apesar da renovação, alguns velhos conhecidos do treinador, que acreditavam não serem mais lembrados depois do Mundial, comemoram a permanência. Caso do meia Renato Augusto, que fez o gol de honra do Brasil na derrota de 2 a 1 para a Bélgica nas quartas de final do Mundial. “Fico feliz de estar em um novo ciclo, com a chegada de novos jogadores e a permanência de outros. Acho que quem ganha com isso é a Seleção, de ter um grupo muito forte. É preparar para estar sempre jogando bem, sempre mantendo o nível, para poder conquistar as vitórias”, disse Renato Augusto.
Retomada de Gabriel Jesus
Os amistosos contra Arábia Saudita e Argentina marcam o retorno do centroavante Gabriel Jesus à Seleção Brasileira após a Copa do Mundo da Rússia. Ao falar sobre o atleta do Manchester City, o técnico Tite adotou tom otimista na tarde desta quinta-feira e citou o norte-americano Michael Jordan, astro do basquete. Em alta, Gabriel Jesus iniciou o último Mundial como artilheiro da Era Tite na Seleção, mas passou em branco até a queda nas quartas de final diante da Bélgica. Fora dos amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, o ex-palmeirense está de volta à equipe nacional.
“O Gabriel Jesus traz uma característica dos diferentes. Em seu livro, o Jordan fala ‘nunca deixe de tentar’. O Gabriel tem isso. Ninguém consegue manter o alto nível o tempo todo, mas ele tem sua participação, seu nível de concentração. Com maturidade, vai retomar o melhor desempenho. É questão de tempo e tranquilidade”, disse Tite. A exemplo de Gabriel Jesus, intensamente criticado após a Copa do Mundo, o técnico também perdeu o status de unanimidade que construiu com o sucesso nas Eliminatórias. Experiente, o comandante procura tirar lições da recente campanha decepcionante na Rússia.
“Não me considerava assim, incomodava. Às vezes, também fico insuportável no convívio, sou chato. Quando alcançamos uma exposição maior, às vezes as pessoas não entendem que nem sempre estou em equilíbrio. Vencer ensina, mas perder também. Depende da capacidade de absorver e conduzir”, afirmou Tite.
Momento de esperança entre os sauditas
Dona da casa, a Arábia Saudita chega para a Copa vivendo um momento de esperança. O desempenho na Copa do Mundo fez a federação renovar o contrato com o técnico Juan Antonio Pizzi. No Mundial os árabes perderam de 5 a 0 na estreia para a Rússia, porém, depois progrediram e venderam caro a derrota de 1 a 0 para o Uruguai, além de terem conseguido bater o Egito por 1 a 0 na última rodada.
Pizzi entende que no amistoso contra o Brasil ele vai poder cobrar a evolução defensiva da equipe, criticada no empate por 2 a 2 com a Bolívia em amistoso disputado em setembro. Ele vê os canarinhos como o “termômetro” ideal. “Só vamos corrigir os nossos erros defensivos trabalhando e trabalhando muito, cada vez mais. O Brasil é um teste muito importante e temos que saber lidar com isso, ou seja, com o fato de sermos pressionados contra grandes rivais”, disse Pizzi.
Em termos de escalação, a Arábia Saudita não foi confirmada oficialmente por Juan Antonio Pizzi. Porém, disposto a aumentar o entrosamento da equipe, ele vai manter a base que enfrentou a Bolívia em setembro.