InsistĂȘncia de Tite em nomes questionados Ă© uma das marcas de campanha vitoriosa
Treinador tem repetido a escalação de jogadores que tiveram suas presenças questionadas em razão de atuaçÔes irregulares, como Paulinho, Willian e Gabriel Jesus
Sochi – A insistĂȘncia Ă© uma das marcas da filosofia de Tite para fazer a Seleção Brasileira ser vencedora na Copa do Mundo. Na RĂșssia, o treinador tem repetido a escalação de jogadores que tiveram suas presenças questionadas em razĂŁo de atuaçÔes irregulares, como Paulinho, Willian e Gabriel Jesus, e suas apostas tĂȘm rendido frutos em compromissos seguintes a partir da realização de alguns ajustes.
A decisĂŁo de Tite de manter esses jogadores possui relação direta com a sua trajetĂłria Ă frente da equipe desde o segundo semestre de 2016, com o treinador sempre fazendo questĂŁo de exaltar o trabalho construĂdo desde entĂŁo, com apenas uma derrota nos 21 jogos que antecederam o torneio na RĂșssia. E sempre utilizando uma mesma base de jogadores que lhe ajudou a reconstruir a imagem de uma seleção devastada pela derrota por 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais da Copa de 2014, mas que conseguiu chegar ao Mundial como favorita.
Gabriel Jesus, nos seus primeiros passos como jogador da equipe principal, despontou como artilheiro da atual “era” do Brasil, em posto recĂ©m-conquistado por Neymar. Paulinho, mesmo sendo um volante de origem, se consolidou como importante peça para o treinador nas açÔes ofensivas. E Willian, ainda que nem sempre com status de titular, construiu reputação de Ăłtima opção para abrir espaços em defesas adversĂĄrias, por sua velocidade e habilidade.
Willian teve atuaçÔes apagadas na RĂșssia nos dois primeiros jogos, deixando a Seleção quase sem alternativas de ataque pela direita, e atĂ© mesmo viu a sua posição ameaçada por Douglas Costa, que, porĂ©m, se lesionou. Mas deu a resposta que Tite tanto esperava, especialmente no jogo contra o MĂ©xico, na segunda-feira, quando foi decisivo para o primeiro gol de Neymar, exibindo seu dinamismo e velocidade – chegou a atingir os 29,9km/h – que lhe renderam o apelido de “foguetinho”.
“Devido Ă s circunstĂąncias de alguns jogos, o futebol nĂŁo aparece, mas o mais importante Ă© a seleção vencer. Estou numa crescente, em evolução, o momento Ă© bom e espero que no prĂłximo jogo possa me sair ainda melhor”, afirmou nesta quarta-feira, um dos jogadores a que Tite devotou a esperança de ver crescendo durante a Copa e obteve o resultado desejado.
JĂĄ Paulinho, atĂ© pelo desgaste fĂsico de quem nĂŁo teve fĂ©rias antes da Ășltima temporada europeia, foi substituĂdo em todos os jogos que o Brasil fez na RĂșssia. E tambĂ©m demorou a engrenar, aparecendo pouco no ataque como elemento surpresa, algo recorrente nas EliminatĂłrias, e que voltou a acontecer contra a SĂ©rvia, quando marcou o primeiro gol da seleção no triunfo por 2 a 0. JĂĄ diante do MĂ©xico, se destacou ao contribuir na marcação para a equipe retomar o controle do meio-campo no momento mais complicado do confronto.
Esse crescimento de Willian e Paulinho tambĂ©m serve como inspiração para Gabriel Jesus. JĂĄ sĂŁo quatro jogos sem marcar, no seu maior jejum pela seleção, e uma “sombra” considerĂĄvel de Firmino, autor de gol contra o MĂ©xico e que tem entrado bem sempre que acionado por Tite. O treinador, porĂ©m, nĂŁo perdeu a confiança no seu camisa 9, especialmente pela sua ajuda na marcação, com auxĂlio aos laterais, o que tambĂ©m dĂĄ um respiro a Neymar. Mas, claro, hĂĄ a expectativa de que esse jejum seja encerrado contra a BĂ©lgica e ele nĂŁo se destaque em Kazan, na sexta-feira, apenas pelos desarmes.
“Escutamos muitas pessoas dizendo que o Jesus nĂŁo estĂĄ fazendo gol. Mas Ă s vezes nĂŁo enxergam o quanto ele trabalha para a equipe em campo, voltando para marcar e roubando bolas. Claro que o gol Ă© importante, mas tenho certeza de que ele estĂĄ tranquilo quanto a isso. Tem a confiança de todos os jogadores e da comissĂŁo tĂ©cnica para continuar jogando futebol”, afirmou Willian.
A insistĂȘncia de Tite em jogadores que nĂŁo renderam o esperado, entretanto, nĂŁo Ă© sinĂŽnimo de continuĂsmo, tanto que ele jĂĄ trocou o titular da lateral direita, antes ocupada por Danilo e que hoje tem Fagner como dono da posição na Copa. Mas a sua confiança nos serviços prestados nos 25 jogos em que esteve Ă frente da seleção atĂ© aqui tem lhe rendido, atĂ© agora, os resultados esperados na RĂșssia.