Combustível fica mais caro durante dezembro em Juiz de Fora
Levantamento da ANP mostra que gasolina encerra o ano custando, em média, R$ 4,823, enquanto o álcool fica a R$ 3,33; valores são os mais altos de 2019

O juiz-forano que resolveu viajar com o próprio automóvel para comemorar o réveillon teve um gasto maior com combustível. Isto porque tanto a gasolina quanto o etanol encerram 2019 com os maiores valores registrados durante o ano, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Até o último dia 21, o preço da gasolina praticado em Juiz de Fora, durante o mês de dezembro, custava, em média, R$ 4,82, enquanto o álcool estava a R$ 3,33.
Ainda segundo a última coleta divulgada, durante o mês, os valores encontrados variavam de R$ 4,59 e R$ 4,99 no caso da gasolina. Já no caso do etanol, foi possível pagar de R$ 3,15 a R$ 3,59 pelo litro. Enquanto dezembro foi o mês mais caro para abastecer durante 2019, setembro foi o mais em conta, com a gasolina custando, em média, R$ 4,52, e o álcool cerca de R$ 2,83 .
O aumento nos combustíveis foi observado, especialmente, nas últimas semanas. Para se ter ideia, em comparação com a pesquisa divulgada pela ANP em 30 de novembro, quando o valor da gasolina era em torno de R$ 4,79, e do etanol de R$ 3,28, o crescimento foi de 2,1% e 4,2%, respectivamente. No levantamento divulgado em 21 de dezembro, o valor da gasolina subiu para R$ 4,89 e, do álcool, para R$ 3,42.
Para o consumidor, o aumento no custo pesa no bolso, como no caso do cozinheiro Davi Ferreira Leandro. “Eu tenho um pedaço de terra em Barbacena e gastava uma média de R$ 100 para ir e voltar, agora gasto de R$ 160 a R$ 170”, exemplifica. Já para o veterinário Mários César de Carvalho, a variação do preço do etanol impactou mais do que a gasolina, levando o motorista a trocar o combustível. “O álcool disparou, já a gasolina está mais ou menos estável, não deu tanta diferença nesse período. Quando estava mais baixo, como R$ 2,99, era só com etanol. Agora, como não está compensando, nós voltamos para a gasolina.”
Sazonalidade
Mesmo que o combustível não seja considerado um bem que possua sazonalidade, a época do final do ano, quando as pessoas contam com maior necessidade de deslocamento, acaba ocasionando uma variação em seu preço, de acordo com o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Perobelli. “Todo movimento de comércio, de Natal e início das férias fazem com que as pessoas se desloquem e passem a usar mais desse bem. O mercado reage, se aumenta a demanda nesse período por parte desses eventos, há uma possibilidade de ajuste.”
Para o especialista, este fator está mais expressivo do que outros que podem influenciar nos valores dos combustíveis, como variação cambial. “O barril do petróleo é negociado em dólar, então qualquer variação no câmbio vai impactar no preço do combustível. Mas como não estamos tendo variações grandes, estamos nessa banda de R$ 4,24, R$ 4,26, R$ 4,10, eu não considero que variação do preço do barril de petróleo está impactando neste momento”, explica Perobelli. “Nós não tivemos nenhuma restrição por parte da oferta, nenhuma crise em termos de petróleo no mundo, que também seria um outro fator que poderia ajustar o preço. Eu vejo que, talvez, o fator que tenha mais preponderado para esse aumento seja, justamente, esse da pequena sazonalidade que temos em dezembro.”
Até o fechamento desta edição, o resultado da última pesquisa da ANP, realizado entre 22 e 28 de dezembro, ainda não havia sido divulgado.
Minaspetro não acompanha preços praticados
A Tribuna procurou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) para questionar sobre a variação dos preços do combustível em Juiz de Fora, entretanto, a categoria informou que não acompanha os valores de bomba praticados pelos postos de combustíveis do estado. Em nota, o Minaspetro explicou que os estabelecimentos revendedores dos recursos “são apenas mais um elo na cadeia de comercialização”. Sendo o último elo no segmento de distribuição, os postos dependem de decisões e repasses por parte de outros agentes, como governo, refinarias, usinas de etanol e companhias distribuidoras.
A categoria não estima períodos para determinadas baixas ou altas dos preços nas refinarias, impostos ou decisões políticas que tenham impacto direto nas bombas por não ser papel sindical da instituição, por não pesquisar informações de cunho comercial como preço, estoque e volume de compra e por não existir tabelamento no setor. “Cada empresário define seu preço de venda, que varia de acordo com inúmeros fatores, tais como estratégias comerciais, localização, concorrência, entre outros.”
No texto, o sindicato ainda manifestou insatisfação quanto à “alta tributação incidente sobre os combustíveis, que sufoca o empresário, fecham dezenas de estabelecimentos em todo o Brasil e impedem o crescimento sustentável do país.”
Especialista dá dicas para economizar ao abastecer
Com a alta nos preços da gasolina e do etanol, como todos os bens na economia, um dos principais caminhos é utilizá-los comedidamente, de acordo com o professor da Faculdade de Economia da UFJF, Fernando Perobelli. “No caso de dezembro, que é um mês altamente confuso, para aquelas pessoas que moram próximo do Centro de Juiz de Fora, por exemplo, tentar fazer viagens ou idas caminhando, ou usar o transporte por aplicativo, que se você usar com um membro da sua família, vai sair mais barato, porque além do combustível, você vai economizar no estacionamento”, ilustra.
Sendo um recurso com restrições para troca, quem possui automóveis “flex” – que pode ser abastecido tanto com gasolina quanto com etanol – pode empregar a regra de 70% do preço para economizar, segundo o especialista. A regra leva em conta que, se o preço do álcool for até 70% menor do que o da gasolina, compensa ao consumidor optar pelo mesmo. “Se eu não tenho isso, a alternativa é, realmente, usar menos o carro.”
Além de optar por outros meios de transporte, Perobelli aponta a necessidade de manter as revisões do veículo em dia. “Manter seu automóvel funcionando de maneira adequada vai fazer com que ele atenda a quantidade de consumo de gasolina indicado pelo veículo, então, essa manutenção preventiva também te ajuda a economizar, porque o carro vai estar gastando, na média, o que realmente gasta.”