Movimento nos bancos cresce por conta de pagamentos do INSS

Mesmo com orientação de isolamento social para evitar contaminação pela Covid-19, idosos foram às agências


Por Leticya Bernadete

30/03/2020 às 14h40- Atualizada 30/03/2020 às 18h37

13movimento no Centro by Leo Costa
Movimento no Centro de Juiz de Fora foi bastante intenso próximo às agências bancárias na manhã desta segunda (Foto: Leonardo Costa)

Dez dias após o comércio deixar de funcionar em Juiz de Fora, devido ao decreto da Prefeitura que restringiu determinadas atividades para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19), o movimento nas ruas centrais da cidade era brando na manhã desta segunda-feira (30). Havia, entretanto, maior concentração de pessoas nas portas de agências bancárias, inclusive idosos, apesar de orientações de isolamento social para evitar contágio pela doença. De acordo com o Sindicato dos Bancários da Zona da Mata e Sul de Minas (Sintraf-JF), a movimentação se deve ao calendário de pagamento dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que teve início em 25 de março e segue até 7 de abril.

Segundo o secretário geral do Sintraf-JF, Robson Marques, a presença maior de idosos nos últimos dias é preocupante. “Justamente é esse grupo de pessoas que está no grupo de risco, e os bancos precisam, de fato, ter maior consciência para com os seus clientes e também para com os bancários, de uma forma geral.”

Para evitar aglomeração de pessoas, a categoria defende o fechamento das agências bancárias. Como publicado no último dia 24 pela Tribuna, o sindicato encaminhou ofício ao Governo de Minas e à Prefeitura de Juiz de Fora solicitando a medida, além de estar em negociação com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “O ambiente do banco, sem circulação de ar e que mexe com dinheiro, é muito propício à contaminação pela Covid-19”, aponta Marques.

Atendimento exclusivo

Seguindo determinação da Febraban, as agências estão realizando atendimento exclusivo para idosos, gestantes e pessoas portadoras de deficiências entre 9h e 10h. O público geral está sendo atendido entre 10h e 14h, em regime contingenciado. Segundo o secretário geral do Sintraf-JF, a orientação é que as pessoas busquem atendimento por vias alternativas, como telefone ou meios digitais. “Nós sabemos que nem todos os idosos têm acesso a essas tecnologias, ou sabem lidar com essas tecnologias. No entanto, tem pessoas da família que poderiam ajudá-los nessa questão e evitar a exposição demasiada à contaminação da Covid-19.”

Em nota, a entidade recomenda que, para evitar a presença nas agências, sejam utilizados os canais digitais para realização de operações bancárias e outros serviços (transferências, extrato, pagamento de contas, negociação de dívidas, etc). “Esses canais são pensando para oferecer uma experiência simples e fácil, mas caso o idoso não tenha familiaridade com eles, recomendamos que ele peça ajuda a alguém da confiança dele, como um parente ou um amigo”, explica no texto.

Ainda conforme a Federação, os idosos podem usar caixas eletrônicos para realizar saques ou depósitos, evitando aglomerações, considerando que todos os aposentados e pensionistas contam com cartão magnético para receber o benefício, seja do banco no qual tem conta ou emitido pelo próprio INSS. Por fim, a entidade alerta para a possibilidade dos caixas eletrônicos apresentarem limite máximo de valor de saques em um único dia. “Esse limite varia de um banco para o outro e do tipo de conta que o cliente. Para verificar se há algum tipo de mitigação, os clientes precisam entrar em contato com os bancos em que recebem o benefício.”

‘Orientação é para sair à rua só se precisar’

O fato de muitos idosos não terem acesso à tecnologia foi apontado também pelo diretor jurídico da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Juiz de Fora e Região, José Adriano Moreira. “Muitos só vão conseguir receber se realmente forem ao banco, então ainda persiste essa dificuldade de acesso a essa tecnologia. Eu acredito que, mesmo orientando, muitos ainda assim vão para a fila do banco, por dificuldade em operar essa nova tecnologia.”

Conforme Moreira, a representação segue as orientações da Secretaria de Saúde e as repassa para os associados. Por trabalhar com convênio médico, a entidade mantém o funcionamento, mas também tomou medidas para evitar a contaminação pelo coronavírus, como utilização de álcool em gel e máscaras, além de permitir que familiares possam pegar determinados documentos para os idosos. “Aqueles que não têm condições e precisam vir, a gente dá todo o atendimento e as orientações necessárias. A orientação é para, realmente, sair à rua só se precisar”, explica o diretor jurídico. “Em alguns casos extremos, estamos disponibilizando pessoas para irem receber o plano médico até na casa do associado.”

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