Mais de cem franquias para JF
Juiz de Fora está na mira das grandes marcas nacionais: ocupa o terceiro lugar no ranking mineiro de franquias, com 253 unidades de rede. A cidade só perde para Belo Horizonte (1.801) e Uberlândia (371), na ordem. No país, está entre as 50 primeiras, ocupando a 41ª posição, conforme dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). A partir do próximo ano, porém, a cidade deve aumentar a participação neste mercado, hoje de 4,7% em Minas e 0,4% no país, em função de investimentos em shoppings, que somam mais de R$ 100 milhões e prometem a chegada de, pelo menos, 130 novas lojas de marca com a expansão do Independência Shopping e a inauguração do Jardim Norte.
Dentre os segmentos de atuação, o de alimentação abocanha a maior fatia do mercado de franquias em Juiz de Fora, a exemplo do restante do país. Só no Independência Shopping, das 460 mil pessoas que circulam todos os meses pelo espaço, 23% saem de casa com o objetivo de ir para a praça de alimentação com a família, aponta estudo encomendado pela BRMalls. Pesquisa inédita divulgada pela ABF, em parceria com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), comprova a liderança destas franquias em malls. Enquanto as unidades de rede somam 34,5% entre todas as lojas em shoppings, no setor de alimentação a participação sobe para 57%, a maior entre os demais setores, como brinquedos (40,3%), calçados e acessórios (37%), além de casa e construção (29,6%).
No Independência Shopping, a participação é maior do que a média nacional. Das 160 lojas em operação, mais da metade (cerca de 58% a 60%) são franquias. O setor de alimentação acompanha a tendência. Das 20 lojas, 12 são unidades de rede. Com a expansão – que tem início em janeiro, com término previsto para abril de 2016 -, a meta é aumentar em 68 lojas e dez operações de alimentação, mantendo o percentual médio de 60% com a chegada de, pelo menos, 46 novas marcas. “Se o shopping tivesse 100% de franquias, com as melhores marcas do mundo, o cliente não viria aqui. É preciso trazer franquia, mas é preciso ter a cabeça no local e no regional também”, comenta o superintendente Sérgio Koffes.
Segundo Koffes, mesmo com o giro rápido, a praça de alimentação traz tráfego para o centro de compras. Apesar de o consumidor, muitas vezes, desconhecer se uma determinada loja é franquia e não orientar a sua escolha a partir desta característica, a presença de uma marca conhecida faz diferença na operação, diz. “Franquias conhecidas são extremamente importantes, porque trazem consumidor para o shopping e promovem ganho de qualidade.” Pelas suas contas, existem, hoje, cerca de 25 marcas interessadas na cidade, à espera de investidores. O grande desafio, afirma, tem sido conciliar os dois interesses e concretizar a parceria na forma de serviço.
No Shopping Jardim Norte a expectativa é que entre 40% e 50% das 195 lojas sejam franquias, o que representaria entre 78 e 97 novas unidades de rede na cidade. “Este é um mercado que está crescendo no Brasil e essa tendência fica clara em shoppings de todo o país”, comenta Ana Luisa Arbex, representante da ABX Gestão, gestora do empreendimento. O projeto prevê duas áreas destinadas à alimentação, com 17 operações e quatro restaurantes externos. Com a estimativa de 60% de franquias, seriam, pelo menos, mais 12 lojas de marca na cidade. Entre as operações já confirmadas para o Jardim Norte como franquias estão Spoleto, Bob’s, Subway, Digão Lanches, Japa Temaki e Roasted Potato. A sorveteria Ice Mellow e a Cacau Show também serão operadas por franqueados. A inauguração está prevista para segundo semestre de 2015. “Uma marca que é reconhecida nacionalmente possui muito mais chance de sucesso, porque transmite segurança e qualidade. Muitas destas grandes marcas colaboram para atrair o cliente para o shopping.” No Jardim Norte, está previsto fluxo de 400 mil pessoas por mês.
De olho no paladar do juiz-forano
Dividindo a praça de alimentação com os grandes no Independência Shopping o Digão Lanches já confirmou presença de mais uma franquia no Jardim Norte. A rede, presente em Leopoldina, Juiz de Fora, Além Paraíba e Ubá, movimenta cerca de R$ 8 milhões por ano, com expectativa de alta no faturamento novas lojas em 2015. No projeto de expansão, estão mais 20 unidades até o final de 2017. A primeira loja surgiu em Leopoldina, mas a franqueadora está sediada em Juiz de Fora.
“Digão Lanches oferece o ambiente de fast food com a qualidade dos lanches caseiros. É ai que ganhamos nossos clientes”, afirma o sócio-diretor da franqueadora, Rodrigo Rosa Ferreira. Segundo ele, a partir dos conceitos de marca e produto definidos, dividir espaço com os grandes é um desafio que será vencido. Hoje, para se abrir uma loja de rua, de porte médio, o investimento inicial é de R$ 190 mil.
Com projetos ambiciosos, de inaugurar 150 unidades no país em cinco anos, A Tal da Esfiha está investindo em capacitação, para ganhar mercado como franqueadora. Hoje, além da matriz localizada na Rua Santo Antônio, há uma franquia em funcionamento na Moraes e Castro. A ideia do sócio-diretor André Dahbar é, a partir de uma cozinha central localizada na cidade, atender unidades localizadas em um raio de 200 a 400 quilômetros. “Nossa preocupação é manter a padronização e a qualidade dos produtos.” Na Tal da Esfiha, a taxa de franquia varia, em média, de R$ 250 mil a R$ 500 mil, de acordo com o porte da unidade. O faturamento é estimado em R$ 3 milhões por ano.
Fila
A fila para comprar paletas, típicos picolés mexicanos feitos artesanalmente à base de frutas, é comemorada pela empresária Daniele Martins, que mudou-se de Curitiba para abrir a franquia em Juiz de Fora. À frente da segunda unidade de Los Paleteros no estado – a primeira está em Belo Horizonte – Daniele comenta que escolheu a cidade pelo potencial econômico e público interessado em novidades. Com a loja funcionando há pouco mais de um mês, Daniele avalia que “as vendas estão dentro das expectativas, aumentando a cada dia”. A taxa de franquia da marca é de R$ 70 mil.
Interessadas se capacitam
Na avaliação do consultor do Sebrae-MG, Gustavo Magalhães, Juiz de Fora oferece condições para comportar franquias e franqueadoras, pelo porte da cidade, perfil de polo e localização. Uma prova disso, avalia, é que nos últimos dois anos de realização do projeto “Minas franquia” na cidade, mais de 30 empresas, dos mais variados segmentos, demonstraram interesse na possibilidade de franquear. Apesar do potencial, nem sempre a análise técnica do Sebrae indica a comercialização, pontua. “Muitas vezes, a empresa não está madura o suficiente.” Segundo o consultor, sete empresas participaram da primeira fase de capacitação, conhecida como módulo estruturante, e outras cinco estão iniciando o processo. O objetivo é orientar a criação de um plano estratégico, tornando a expansão viável. “Não basta vender a franquia. É preciso supervisionar, capacitar e estar junto. O empresário não está vendendo um produto, mas um conceito de negócio e um modo de operação.”
O diretor de Inteligência e Mercado da Associação Brasileira de Franchising, Rogério Feijó, identifica mudança no comportamento do consumidor, que não quer viajar para adquirir ou consumir o que deseja. Segundo ele, também é interesse do Poder Público e da iniciativa privada circular dinheiro no próprio município. “Há um esforço concentrado do Poder Público e de empreendedores em olhar esses mercados, que, por muito tempo, não foram explorados.” Para o diretor da ABF, a cobrança dos clientes pela proximidade com as marcas nacionais não significa falta de reconhecimento, valor, nem força dos negócios locais. Em ambos os casos, é preciso oferecer um diferencial ao público para conquistá-lo, atesta.