Musical ‘Mar e Ana’ estreia nesta sexta
Espetáculo da Entreato, dirigido e escrito por Drew Persí, ocupa o Teatro Solar neste domingo
Foram sete meses de ensaio. Fielmente, nos fins de semana, principalmente, uma turma se encontrava na Entreato. Ensaiava para que, em agosto, tudo saísse como o planejado. E, agora, “Mar e Ana” nasce. O musical, escrito e dirigido por Drew Persí, é como a soma de vários espetáculos – um pouco de circo, um pouco de show e de dança e um tanto de teatro – que reúne um série de artistas no palco, e que dão vida à população de um vilarejo onde Ana mantém um contato íntimo com o mar, em cima da Pedra Mais Alta. As apresentações acontecem em todos os fins de semana de agosto, a começar nesta sexta-feira (2), no Teatro Solar. Os ingressos são vendidos em um lote promocional e único, a R$ 30, neste link.
“Mar e Ana” surgiu há mais de 10 anos. Drew Persí, que é mineiro, mas morava em São Paulo, já era fã da banda O Teatro Mágico e, quando ouvia a canção “Ana e o mar”, sobretudo, ficava montando algumas cenas a partir de sua narrativa, a princípio, na cabeça mesmo. Ele participou de um sarau e escreveu uma cena inspirada na canção, ainda naquela época. Logo em seguida, encontrou Fernando Anitelli, idealizador e vocalista da banda, quando fazia um trabalho no Rio de Janeiro. Eles conversaram. Drew contou que tinha uma peça a partir de uma de suas canções. O músico pediu para que ele enviasse o texto a ele. “Eu nem tinha escrito ainda. Mas, depois disso, tive que escrever, assim que voltei para São Paulo.”
No entanto, como conta o diretor e idealizador da Entreato, responsável por “Mar e Ana”, em 2010, muita coisa aconteceu. Drew participou de um reality, saiu vencedor, e ganhou uma bolsa em uma faculdade de artes cênicas. “O texto acabou ficando engavetado. Meu foco, naquele momento, era outro.” Mas, em 2013, já em outra cidade, no caso, Belo Horizonte, percebeu que poderia ser o momento para tirar as ideias do papel e, finalmente, estrear a peça.
“Eu quis tirar da gaveta esse sonho e colocar em prática, e fui arriscar o texto.” Ele abriu uma audição na capital, escolheu os artistas, e os ensaios também duraram cerca de sete meses. Em 2014, “Mar e Ana” estreou. Foram quatro temporadas, eles viajaram para cinco cidades e, em um festival, ganharam sete prêmios. O espetáculo tinha cerca de uma hora e era bem diferente do que pode ser visto a partir deste fim de semana, como afirma Drew.
Dez anos de “Mar e Ana”
“Mar e Ana”, há dez anos, foi o primeiro musical de Drew. “Eu tinha pouca experiência. Ele era reduzido. Tinha menos música, não tinha o balé, nem números aéreos. Agora, ele está grande.” O musical conta com uma banda composta por sete músicos, que vai executar as canções d’O Teatro Mágico, que servem de inspiração para a história, ao vivo. Além disso, duas artistas circenses se apresentam, com diversos números aéreos. Falando especificamente dessa banda, inclusive, não tinha como não levar ao palco o circo, que é presente em todos os shows. O espetáculo conta ainda com 12 bailarinos e os protagonistas.
Esse processo de ampliação do espetáculo começou, na verdade, em 2018, quando uma produtora ficou interessada em montar o projeto, quando Drew voltou à São Paulo. “Revisitar o texto foi especial. E é doido ler algo que a gente escreveu há dez anos e perceber como a gente mudou. Foi muito especial e interessante revisitar e escrever, incluir personagens novos, mais tramas, e ainda trouxe debates importantes envolvendo a menina que vive no vilarejo, que é a personagem principal.” O momento de apresentar essa revisita tinha de ser agora mesmo, ainda com mais detalhes, músicas d’O Teatro Mágico recém-laçadas e, principalmente, com Drew com mais experiência no teatro musical.
Confira alguns dos personagens de “Mar e Ana”:
Preparar o terreno
O diretor chegou a Juiz de Fora em 2021. “Sem grandes pretensões”, confessa. Mas, já com alguns meses na cidade, deu vontade de fazer alguma coisa. “Eu comecei a buscar coisas para consumir, mesmo, de teatro musical, e percebi que não tinha esse movimento aqui. O que tinha era de fora. E eu comecei nessa ânsia de fazer algo que fosse local.” Sua primeira produção foi a “Família Addams”, em 2022. Já no último ano, foi o “Moulin Rouge”.
Primeiro, ele apostou em espetáculos da Broadway, que já têm certa fama, como para ir montando o terreno na cidade. “Acredito que ‘Mar e Ana’ tinha que ser agora, inclusive no momento que eu comemoro os dez anos do espetáculo. Eu consegui mostrar a grandiosidade da Broadway e, agora, com ‘Mar e Ana’, eu quero mostrar que é possível fazer coisa nossa, autoral, também com a mesma dimensão e grandiosidade.”
Musical de temporada
Assim como das outras vezes, Drew aposta, com “Mar e Ana”, na temporada: um mês inteiro em cartaz no teatro. E ele justifica a escolha, que vai na contramão sobretudo do cenário de Juiz de Fora, em que as companhias têm apostado, principalmente, em espetáculos que durem, no máximo, um fim de semana. “Acho que é um desperdício tanto tempo de preparação e apresentar pouco. A temporada dá mais possibilidade de as pessoas assistirem e até de os artistas experimentarem mudanças com o tempo, corrigir coisas. A temporada é gostosa por isso, e é por isso que eu sempre bato nessa tecla: a gente refaz, repensa. E é isso que a gente vê nos grandes centros. Por mais difícil que seja, por se tratar de um projeto independente, é arriscado, mas eu sou essa pessoa que arrisca.”
Confira a sinopse de “Mar e Ana”
Ana é uma menina praiana, criada pela avó, e tem como confidente o mar. Todos os dias, sentada na Pedra Mais Alta, ela questiona tudo que a cerca, até ser surpreendida pela possibilidade de viver aquilo que seria seu grande amor. Seria possível o mar se apaixonar por uma menina? Por que o mar não se apaixona por uma lagoa? Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar!
Serviço
“Mar e Ana”
Todas as sextas e sábados de agosto, às 20h
No Teatro Solar (Avenida Presidente Itamar Franco 2104 – São Mateus)