Douglas Tholedo: um juiz-forano na Broadway, com a ópera ‘Aída’
Ator nascido em Juiz de Fora conta sua trajetória, as expectativas para a estreia e dá dicas para quem quer seguir carreira no teatro musical
O ator juiz-forano radicado em Nova York Douglas Tholedo, 38 anos, estreará no elenco da ópera “Aída”, de Giuseppe Verdi, em 31 de dezembro, em uma temporada que se estende até 9 de maio. As apresentações acontecerão no Metropolitan Opera House, também conhecido como The Met, considerada a maior de ópera de repertório do mundo, na Broadway, em Nova York.
Douglas viveu em Juiz de Fora até seus 20 anos de idade, tendo iniciado a sua formação no Coral das Escolas Municipais, regido pelo maestro Ciro Tabet, na Orquestra Filarmônica de Juiz de Fora. Além disso, iniciou como ator de montagens com Alexandre Gutierrez, do Grupo Teatral Mendes Guttierrez (que agora se chama GTMG/Cia Tralha) e Marcos Marinho. Em 2022, ele foi condecorado com a “Medalha Geraldo Pereira” pela Câmara de Juiz de Fora.
“Ao falar de teatro, tive mestres e diretores que me inspiraram como ator e foram referências na minha carreira. Não poderia deixar de citar grandes nomes, como Alexandre Gutierrez e Marcos Marinho. O grupo teatral GTMG/Cia Tralha foi uma grande escola e meu primeiro contato com teatro profissional, na época. Comecei bem cedo, aos 13 anos, e fiz parte do elenco de vários espetáculos. Com eles, viajei para diversos festivais de teatro. Recebi prêmios de melhor ator, duas vezes, em 1999, com o espetáculo ‘A festa do reinado’, e em 2002, com o espetáculo ‘Rua’, em festivais nacionais de teatro realizados pela Federação de Teatro do Estado de Minas Gerais (Fetemig)”, conta, por e-mail.
O canto lírico
O ator recebeu seu registro profissional pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado de Minas Gerais (SATED-MG) e continuou sua trajetória unindo o teatro e a música por meio do teatro musical. “Naquela época, ainda não havia o curso de música na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), então, me mudei para São João del Rei, em 2006, para estudar canto lírico na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Antes mesmo de terminar a faculdade, eu já sabia que iria seguir para uma área diferente.”
E segue: “O Brasil – ainda hoje – carece de apoio à cultura em geral, e eu sabia que, se quisesse seguir carreira como cantor lírico, naquela época, precisaria mudar de país. O teatro musical estava se popularizando, principalmente em São Paulo. Ao me graduar, decidi ir para lá para me especializar no estilo Broadway. Lá, fiz diversos workshops e cursos, uma verdadeira imersão. Profissionalmente, tive a oportunidade de integrar o elenco de grandes musicais como ‘O fantasma da Ópera’, ‘Les misèrables’, ‘Mudança de hábito’, ‘We will rock you’, ‘Meu amigo Charlie Brown’, entre outros, até me mudar para Nova York em 2019”.
Expectativas de Douglas Tholedo
Já em Nova York, ele integrou o elenco de alguns musicais off Broadway, como “Picasso in Paris”, “In Emily’s words” (baseado na história de Emily Brontë , autora do clássico inglês “O morro dos ventos uivantes”) e “Let’s Broadway – A new cabaret series” e continua sua jornada. A emoção para a estreia no MET é imensa, e os ensaios começam ainda este mês. “O Metropolitan Opera House, em Nova York, é a maior casa de ópera do mundo, com capacidade para quase quatro mil pessoas, e um palco onde já pisaram nomes como Maria Callas, Luciano Pavarotti, José Carreras e Montserrat Caballé. Como eu poderia imaginar isto? É incrível e assustador ao mesmo tempo. Será uma das novas produções do Met, inédita e dirigida por Michael Meyer, um dos grandes diretores da Broadway atualmente. Toda a encenação, cenários e figurinos estão sendo contruídos do zero especialmente para esta nova versão”, adianta.
Aos que virão
E, para outros juiz-foranos que desejam seguir uma carreira com a dele, ele dá conselhos. “Eu diria que é importante investir tempo em se conhecer bem. Pesquise e estude muito para se aperfeiçoar e entender quem você é – e quem você pode ser – e se prepare para mostrar o que você é capaz de fazer o tempo todo. Como ator, testes e audições vão sempre ser parte da sua vida. Então, se mantenha em atividade, não se deixe enferrujar. Ao fazer um teste, o objetivo é receber um ‘sim’, mas tudo que você passa pra chegar até o ‘sim’ é a sua história. Aproveite o processo todo. Tentativas que não dão certo hoje podem render aprendizados e conexões para projetos amanhã. Um ponto de vista positivo também é importante: você não volta para o zero, mas continua crescendo na sua trajetória e segue em frente”, conclui.