Novo livro de Sarah Munck reúne vozes femininas e memórias de guerra em Juiz de Fora
Lançamento no Forum da Cultura tem entrada gratuita, sessão de autógrafos e roda de conversa com escritoras convidadas
Nesta sexta-feira (28), o Forum da Cultura é sede do lançamento do novo livro da poeta Sarah Munck. Marcado para 18h30, o evento apresenta ao público a obra que aborda vozes femininas, a violência social e a arte como refúgio em tempos de bárbarie. Com entrada gratuita, o lançamento conta com acessibilidade em vídeo, declamação em voz e interpretação em Libras. Além disso, fazem parte da programação uma sessão de autógrafos e uma roda de conversa da autora com as escritoras Míriam Freitas e Marcela Hallack.
A denúncia feminina
Segundo Sarah, a obra constrói uma narrativa poética engajada com as dores coletivas e as resistências íntimas, colocando a linguagem a serviço da memória e da denúncia. A escritora define sua escrita entre o lírico e o político, com versos que dão corpo a experiências historicamente silenciadas. Assim, a obra é atravessada por vozes femininas, memórias de guerra, violências cotidianas e a urgência de não esquecer.
“Busquei construir um tecido de imagens que se expandem entre o íntimo e o político, revelando as marcas da violência, da guerra e da desigualdade social”, explica a autora, cuja obra será publicada sob o selo da Provérbio Editora.
Viabilizada pelo Edital Murilão do Programa Cultural Murilo Mendes, da Fundação Cultural Ferreira Lage (Funalfa), a obra é organizada em seções temáticas, como “enxoval”,“extermínio” e “angelus novus”, criando um mosaico de poemas que dialogam entre si por ecos e ressonâncias, conforme a escritora. Assim, um dos fios condutores é a figura de “Kitty”, do diário imaginário de Anne Frank, que aparece em cartas ao longo do livro.

Além de Anne Frank, a autora estabelece diálogos literários e filosóficos com Walter Benjamin, Heba Abu Nada, Federico García Lorca e Maria Teresa León, entre outras vozes. Sarah considera que essas referências ampliam o alcance da obra, que se propõe a “interceptar e realocar a palavra como um abrigo para as memórias feridas”. Ela conta que foram meses de mergulho e vigília, em que a palavra se tornou refúgio e denúncia, gesto de
empatia e de reconstrução. Nesse sentido, ao final desse percurso, define que compreendeu que escrever não é apenas um ato estético, mas também ético, uma tentativa de restaurar sentido e humanidade em um tempo que tantas vezes parece perdê-los.
“Busquei recriar esse gesto de Anne: o de escrever para alguém que escuta, mesmo em meio ao silêncio e à guerra”, revela Sarah. “A palavra ‘Kitty’ me permite escrever para além de mim. É uma escuta, uma confidente, uma forma de registrar o que muitas mulheres ainda não puderam dizer em voz alta. Ao falar com ela, dialoga com todas as meninas silenciadas pela violência, mas também com aquelas que continuam vivas, insistindo em narrar o próprio tempo”, diz.
Professora do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), campus Santos Dumont, e vinculada ao Núcleo de Línguas, Sarah Munck é graduada, mestre e doutora em Letras (Literatura) pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Com menção honrosa no Prêmio Ria Livraria, é autora de “O diagnóstico do espelho” (2023) e agora lança “Esquecemos os Nomes dos Pássaros” (2025).
Serviço
Lançamento do livro “Esquecemos os nomes dos pássaros”
Data: 28 de novembro (sexta-feira)
Horário: 18h30
Local: Forum da Cultura (Rua Santo Antônio, 1112 – Centro)
Entrada gratuita
*Estagiária sob supervisão da editora Carolina Leonel









