Editora Macondo reabre espaço e apresenta neste sábado leitura do livro ‘Tatear os destroços depois do acidente’

Livro será lido inteiro na apresentação, a


Por Renato Knopp*

28/05/2025 às 16h22

espaco 4
Espaço volta ao funcionamento neste sábado (Foto: Divulgação)

Neste sábado (31), a editora Macondo (rua Dom Silvério 290 – Altos dos Passos) reabre seu espaço para receber os leitores Na ocasião, acontece também a performance do livro do poeta Otávio Campos, “Tatear os destroços depois do acidente”. A apresentação começa às 19h. Não é necessário realizar reservas para o evento. O evento é gratuito e o poeta irá apresentar o livro todo.

Reabertura do espaço

A Macondo surge em Juiz de Fora em 2014. Focada principalmente em poesia, a editora publica pequenas tiragens de livros do gênero de autores contemporâneos escrevendo em língua portuguesa, e faz algumas incursões na prosa e na tradução. Em seus mais de 10 anos de existência, a casa editorial já publicou mais de 100 título, e esteve presente nos maiores prêmios literários do país, como o Oceanos, o Prêmio São Paulo de Literatura e o Jabuti, bem como nos mais importantes eventos de literatura, com seus autores convidados para a programação oficial da Flip.

De acordo com Otávio, que além de poeta atua como editor e é o fundador da Macondo, os últimos anos foram de reestruturação da casa, ocasionada por mudanças no mercado editorial brasileiro e o surgimento de um mercado de poesia, que fez com que editoras menores, como a Macondo, tivessem que se reorganizar. Agora, em 2025, Otávio entende que reabrir fisicamente o espaço a editora é uma possibilidade, além de gerar trocas e discussões sobre livros, ser um espaço para concepção, debate e criação de novos livros.

fotopb
Otávio é editor e poeta (Foto: Divulgação)

“Tenho pensado nesse espaço também para isso: não só para se reunir, para fazer eventos de leitura, de clube do livro, mas também propor lugares para pensarmos a criação de livros. Acho que isso acaba sendo deixado um pouco de lado. Já existem iniciativas grandes, até na cidade vejo essas iniciativas de pessoas que organizam clubes, que fazem essa leitura conjunta,mas penso também em lugares de criação, em aproveitar uma prática editorial, tentar pensar nesse lugar da edição, que é uma coisa que me atrai também. Não somos apenas uma livraria, somos também uma editora”, destaca Otávio.

O poeta também ressalta que com o surgimento de muitas editoras no mercado que publicam em pequenas editoras, a figura do editor acabou se perdendo, devido a grande produção. Dessa forma, a Macondo realiza um trabalho que desacelera esse processo de publicação, para além do de criação de leitores. “É importante se criar leitores, até porque se lê muito menos do que se publica. Olha quantos livros saem por dia no Brasil, e não dá para todo mundo ler. Pessoas querem ser lidas, mas não querem ler. Então é isso. Creio que é importante fazer mesmo esse movimento de leitura.”

‘Tatear os destroços depois do acidente’

poster 2
Apresentação acontece a partir das 19h (Foto: Divulgação)

A performance de “Tatear os destroços depois do acidente” (2022) será feita por Otávio, que lerá em completude o livro, de mesmo nome e autoria do mesmo.O autor entende seu livro como um grande poema, feito de corte e repetição, como costuma ser a poesia e o cinema. Segundo o poeta: “nele me proponho a analisar algumas coisas referentes à construção da loucura, que foi realmente o meu trabalho na defesa de tese de doutorado. Como que se monta uma imagem de loucura, como é criada a ideia de loucura, né? Que tem a ver também com a própria imagem das loucas que foram criadas na França. Tem muito a ver com a fotografia. E isso já entra também no âmbito do corte lacaniano”, afirma.

A história perpassa pelo assassinato do estudante Jun Lin, cometido pelo canadense Luka Magnotta em 2012. O assassinato foi filmado e disponibilizado on-line para milhões de espectadores, que puderam perceber uma semelhança entre a sequência de imagens e aquela em que a personagem de Sharon Stone assassina seu parceiro no filme Instinto
Selvagem. Essa é uma das cenas do livro, o qual toma o corte e a montagem como procedimentos para se contar uma história, refletindo também sobre o True Crime e como a morte chega até nós.

Ao olhar, como conta Otávio, citando o filósofo Didi-Huberman, o que vemos nos olha de volta. Assim, ao ver uma morte, uma montagem e cenas eróticas, quem ou o que é observado, encara novamente o observador. O olho pode ser da máquina, como pode ser um “olho desejante”. Ao denunciar a montagem, Otávio Campos apresenta uma narrativa ambígua, construída a partir de recortes entre cenas de filmes, corpos, análises, entre outras coisas.

O editor destaca que sempre teve vontade de fazer com que a apresentação existisse, e agora, neste momento da reabertura do espaço, é o momento. “É importante que eu dê o primeiro passo, que seja uma abertura para que as pessoas possam fazer coisas semelhante.”

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.