O que vocĂȘ precisa saber antes de assistir ao Oscar neste domingo
91ÂȘ edição do Oscar acontece neste domingo (24), em Los Angeles, com a Academia lutando contra baixa na audiĂȘncia e para se recuperar das polĂȘmicas
Todos os olhos do mundo do cinema e dos cinĂ©filos em geral estarĂŁo voltados neste domingo (24) para o Teatro Dolby, em Los Angeles (Estados Unidos), onde acontece a 91ÂȘ edição do Oscar, a premiação mais famosa da sĂ©tima arte. No Brasil, a transmissĂŁo fica por conta do canal fechado TNT, que a partir das 20h30 mostrarĂĄ artistas e celebridades passando pelo tapete vermelho e acompanha a cerimĂŽnia desde o inĂcio; jĂĄ a TV Globo, como nos anos anteriores, deve iniciar a transmissĂŁo por volta das 23h, assim que acabar o “Big Brother Brasil”.
A edição deste ano deve ficar marcada nĂŁo apenas pelo anĂșncio dos vencedores nas 24 categorias, mas tambĂ©m para ver se a Academia de Artes e CiĂȘncias CinematogrĂĄficas de Hollywood consegue recuperar parte da audiĂȘncia perdida nos anos recentes e, principalmente, sua credibilidade arranhada pela tentativa catastrĂłfica de chamar a atenção das audiĂȘncias mais jovens para o evento.
Tudo começou em agosto de 2018, quando a Academia anunciou a criação do prĂȘmio de “melhor filme popular”. Sim… “Filme popular”. A organização do Oscar nunca explicou muito bem do que se tratava, mas ficou a impressĂŁo de que estava se criando uma espĂ©cie de “segunda divisĂŁo”, um “cala-boca” para quem reclama que blockbusters como “Batman: O Cavaleiro das Trevas” ou de franquias clĂĄssicas como “Star Wars” sĂŁo esquecidos na categoria melhor filme em detrimento de produçÔes “de arte”, aquelas de pouca bilheteria, sempre lançadas no final do ano para o Oscar e que logo sĂŁo esquecidos.
A revolta foi geral, com acusaçÔes de que a Academia estava deixando claro seu desprezo pelos filmes populares. A organização do evento voltou atrås, declarou que a categoria não seria para este ano e depois enterrou o assunto.
Na sequĂȘncia, foi anunciado que o comediante Kevin Hart seria o apresentador da cerimĂŽnia, assumindo o posto que jĂĄ teve – para o bem ou para o mal – Billy Cristal, Seth MacFarlane, Jimmy Kimmel, Chris Rock, Steve Martin, Jon Stewart, James Franco, Ellen DeGeneres, Chevy Chase, David Letterman, Hugh Jackman, Anne Hathaway e Whoopi Goldberg, entre tantos outros. PorĂ©m, uma sĂ©rie de antigas postagens homofĂłbicas do artista no Tweeter fez com que a Academia exigisse que ele pedisse desculpas. O ator se recusou, dizendo que jĂĄ havia se desculpado anteriormente, e desistiu de ser o mestre de cerimĂŽnias. A Academia, entĂŁo, decidiu nĂŁo ter um apresentador oficial, mas rumores nos Ășltimos dias indicavam que Whoopi Goldberg poderia aceitar o posto.
E a Ășltima trapalhada aconteceu no inĂcio do mĂȘs, ao anunciar que quatro categorias teriam os vencedores anunciados durante os intervalos comerciais: montagem, fotografia, curta-metragem e maquiagem. A desculpa para isso foi a de encurtar o tempo da premiação, um dos motivos para a perda de audiĂȘncia. AĂ foi a vez dos profissionais da ĂĄrea, cineastas e atores e atrizes em geral protestarem por considerarem “um absurdo” a premiação mĂĄxima do cinema desprezar os profissionais da sĂ©tima arte por conta de audiĂȘncia televisiva. ApĂłs protestos, ameaças de boicote, cartas abertas e afins, a organização do evento voltou atrĂĄs.
E quem vai levar o Oscar
Ainda que a polĂȘmica e perda de prestĂgio estejam na ordem do dia da Academia, ainda vai ter o Oscar como nĂłs conhecemos, e as apostas correm soltas sobre quem vai levar os prĂȘmios principais. Na categoria de melhor filme, produçÔes como “Nasce uma estrela” e “Green Book: O guia”, jĂĄ estiveram em alta e agora sĂŁo considerados azarĂ”es. Muitos apostam em “Roma”, de Alfonso CuarĂłn, mas a produção da Netflix pode ter como “consolação” a estatueta de filme estrangeiro.
Entre os motivos, o fato de longas com diretores mexicanos terem vencido de forma constante na dĂ©cada e de ser uma produção da Netflix, originalmente feita para os assinantes da plataforma de streaming. Isso aumentaria as chances de filmes como “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee, ou “A favorita”, do grego YĂłrgos LĂĄnthimos. “Vice”, de Adam McKay, Ă© visto como um azarĂŁo; “Bohemian Rapsody”, apesar do sucesso de bilheteria, seria uma grande surpresa.
Mas quem aparece como o longa com menores chances e que ainda pode ser a surpresa da dĂ©cada Ă© “Pantera Negra”. O longa da Marvel Ă© o primeiro do gĂȘnero de super-herĂłis a disputar a principal categoria do Oscar e muitos jĂĄ vĂȘm o feito como prĂȘmio de consolação, atĂ© por nĂŁo ter indicaçÔes a categorias como diretor, ator, ator coadjuvante e roteiro adaptado. PorĂ©m, o Oscar de melhor filme tem suas peculiaridades: os votantes precisam elencar os oito filmes do melhor para o pior, e o vencedor Ă© aquele que estiver no topo em mais da metade das listas; caso isso nĂŁo aconteça, o nome Ă© obtido apĂłs uma sĂ©rie de descartes, cĂĄlculos matemĂĄticos, atĂ© que algum filme ultrapasse os 50%.
Isso quer dizer que se um filme dividir os votantes, ficando igualmente no topo e na rabeira das listas, ele pode ser descartado nas rodadas seguintes, e produçÔes com votaçÔes expressivas em segundo e terceiro lugar acabem tirando vantagem disso e subindo ao palco para levar o careca dourado para casa. Como “Pantera Negra” Ă© cotado para estar no top 3 das listas dos eleitores da Academia, na linha “nĂŁo coloco em primeiro lugar, mas reconheço sua relevĂąncia”, ele pode surpreender pela mĂ©dia. AĂ, a questĂŁo Ă© saber se os favoritos darĂŁo essa brecha no domingo.
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