Alessandra Crispim lança concerto ‘O peso da pele’
Projeto une música afro-brasileira, coletividade e raízes negras em show
O primeiro bloco do concerto “O peso da pele”, de Alessandra Crispim, já está disponível no canal do YouTube da artista juiz-forana. Gravado em um ambiente intimista e com arranjos que ressaltam a beleza da música afro-brasileira, o concerto é originado do álbum homônimo, lançado em 2023, e reúne 11 canções adaptadas a ritmos brasileiros com cordas, percussões e vozes.
Os arranjos, assinados pelo músico e compositor João Paulo Lanini, combinam sensibilidade, swing e potência em 27 minutos de originalidade. As faixas foram apresentadas em dois blocos. Além de Lanini, que também atua como violonista e guitarrista no concerto visual, a banda é formada por Adalberto Silva (contrabaixo) e pelos percussionistas Mari Assis e Gabriel Silva.
O projeto conta com a participação de outros artistas juiz-foranos, como a cantora Aline Crispim, na faixa “Irmandade”, e o rapper RT Mallone em “A cor do desejo”.
Aquilombamento como força criativa
O projeto reflete sobre raízes negras e tem como eixo o conceito de aquilombamento, convidando o público a integrar-se às canções que narram histórias de resistência. “A sua história é a minha, é a nossa. Deixe a África tomar o seu lugar”, resume Alessandra, destacando a essência desse trabalho.
A inspiração nasceu em 2018, após a artista sofrer ataques de racismo e homofobia na internet, em meio ao aumento da violência contra pessoas negras no Brasil — entre elas, o assassinato da vereadora Marielle Franco. Diante desse cenário, ela conta que se sentiu convocada a transformar sua trajetória em música.
Definindo-se como mulher, negra, lésbica, periférica e da umbanda, Alessandra incorpora todas essas identidades em sua obra. “Com o lançamento do OPDP Concerto, além de ouvir as canções, as pessoas terão a oportunidade de nos assistir em vídeo. É um momento muito especial da minha carreira porque esse movimento aproxima ainda mais o meu público. Já se identificam com as músicas, agora poderão se ver no meu penteado, na dança, nos instrumentos e na forma de me posicionar. E me sinto honrada por isso”, comemora a cantora.
A proposta de coletividade, apresentada em parceria com sua esposa, Tainara Campos, na música “Maria Bonita”, atravessa todo o concerto. Contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo, administrados pelo Governo Federal e pelo Estado de Minas Gerais, o projeto envolveu mais de 20 profissionais mineiros, reforçando a dimensão coletiva que permeia as canções.