Evento discute uso de tecnologias em quadrinhos
HQWeek reúne artistas e pesquisadores em uma semana de lives
Os fãs mais tradicionais das histórias em quadrinhos talvez queiram continuar acompanhando as aventuras no papel. Já as novas gerações têm buscado na tecnologia uma forma de inovar, ampliando a experiência de imersão dos leitores. Discutir esse mundo de possibilidades é a proposta da HQWeek, evento organizado pelo Laboratório de Mídia Digital (LMD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). De 25 a 29 de maio, o assunto será discutido nas redes sociais do LMD por profissionais, pesquisadores e entusiastas, através de lives com apresentações de artigos e mesas redondas.
Pesquisador do LMD, Stanley Teixeira conta à Tribuna que a convenção partiu da vontade de contar histórias produzindo novas experiências. Com o uso de tecnologias de detecção de direcionamento do olhar, o pesquisador tinha a intenção de implantar sons durante a leitura de ebooks, semelhante à sonoplastia de radionovelas. Ao apresentar a ideia a outros pesquisadores, porém, eles perceberam que a proposta ainda era algo inexistente no mercado de HQs. A partir de então, o objetivo é ouvir artistas e outros profissionais que possam discutir a viabilidade desta inovação.
“Queremos saber se é possível as tecnologias modificarem e intensificarem a forma como mergulhamos na narrativa. O autor Laudo Ferreira diz que gostaria muito que as pessoas ouvissem as músicas que ele escuta quando desenha. Ele até tentou fazer um projeto para distribuir um CD junto com o HQ, mas esbarrou em direitos autorais. Já a Talessa Kuguimiya faz quadrinhos com QRcode para escutar as músicas. Ela bolou uma forma de fazer o transmídia, mas de forma que interrompe a imersão, pois sai de uma plataforma para outra”, explica o pesquisador, que pretende construir um software de imersão em quadrinhos e outros projetos relacionados. Caso a proposta seja viável, o grupo deve contar com a parceria do Laboratório de Aplicações e Inovações em Computação (LApIC) para tirar a ideia do papel.
“A televisão conseguiu passar do analógico para o digital, teve melhorias de qualidade e colocou na imagem coisas que antes não era possível, tudo isso graças a computação gráfica. O cinema também evoluiu e consegue contar coisas na tela de forma diferente. Mas tudo isso é algo que você não consegue no quadrinho. É possível melhorar o traço dos artistas, mas a experiência é a mesma de sempre: a sequência de um quadrinho para o outro com balõezinhos. Planejamos uma experiência nunca feita com quadrinhos. Você olha para o rosto do personagem e aparece o balão com a fala dele. Quando a pessoa lê um parágrafo, tem uma trilha sonora. Tudo é o resultado do olhar do leitor explorando o quadrinho, algo que só funciona se for digital”, explica.
Entre os convidados do evento estão grandes nomes do cenário nacional como Laudo Ferreira, Rodney Buchemi, Rafael Salimena, Ricardo Coimbra e Talessa Kuguimiya, além do repórter da Tribuna Júlio Black, participante do podcast Papo de Quadrinho. Confira a programação completa do evento e acompanhe a transmissão pelas redes sociais da LMD: Instagram @hqweek e Facebook.