Morre Dirceu Ferrara, ex-presidente e membro histórico da Real Grandeza

Ferrara esteve ligado ao carnaval da cidade por mais de 50 anos


Por Pedro Moysés

19/09/2025 às 18h41- Atualizada 19/09/2025 às 19h44

Morreu nesta sexta-feira (19) Dirceu Ferrara, aos 78 anos. Ele foi integrante da escola Real Grandeza por mais de 50 anos e presidiu a agremiação durante oito anos, período em que esteve à frente de algumas conquistas de títulos da escola. Ferrara também integrou a Banda Sinfônica Tenente Januário de Minas Gerais.

Membro da escola Real Grandeza desde 1974, Dirceu Ferrara foi uma das referências do carnaval de Juiz de Fora e levou o samba para toda a família. O amigo e também integrante da agremiação, Luiz Eduardo da Silva Schmitz, o Schmitinho, recorda que a presença da família era marcante. “A família Ferrara toda participava do Real Grandeza, sem exceção”, disse. Schmitinho também destacou que foi de Dirceu a iniciativa de criar o setor de camarotes. “Além de inventor, ele também foi o responsável pela construção do setor”, afirmou.

Schmitinho, que também entrou na escola em 1974, ressaltou ainda as lembranças pessoais do amigo. “Dirceu era uma pessoa alegre e divertida, de um humor fantástico, sempre brincalhão. Como presidente, era rígido, mas, acima de tudo, um ser humano extraordinário. Convivemos muito com ele e vamos sentir profundamente sua falta.”

Morre Dirceu Ferrara, ex-presidente e membro histórico da Real Grandeza
(Foto: Arquivo Pessoal)

O presidente do Conselho Deliberativo da Real Grandeza, Fernando Luiz Baldioti, também lamentou a morte do ex-dirigente. Segundo ele, Dirceu ocupou a presidência em várias gestões, além da vice-presidência. “A família toda sempre foi muito abnegada pela Real Grandeza. O irmão Waltinho Ferrara, já falecido, era um dos grandes entusiastas da escola, e outro irmão, Ângelo Antônio Ferrara, também presidiu a Real e conquistou diversos campeonatos”, afirmou.

Baldioti recordou ainda a amizade com Dirceu. “Ele foi meu padrinho de casamento. Era ourives e nos presenteou com o par de alianças que usamos até hoje.” Para ele, a perda é irreparável: “Dirceu amava a Real Grandeza e estamos todos de luto, assim como o samba também.”

Real Grandeza

O Bloco Carnavalesco Real Grandeza surgiu em 31 de março de 1966, formado por foliões dissidentes do Bloco das Margaridas. A nova agremiação nasceu sem caráter competitivo, promovendo desfiles e até partidas de futebol à fantasia pelas ruas da cidade.

No ano seguinte, em 1967, durante a administração de Itamar Franco, que não organizou o carnaval oficial, cerca de 25 integrantes desfilaram informalmente pela Rua Halfeld, no Centro, nas cores azul, branco e vermelho. O cortejo consolidou a presença da Real Grandeza na folia juiz-forana.

Após um período de inatividade, em 1974, moradores da Avenida Sete de Setembro reativaram a agremiação, agora como escola de samba. Entre eles estavam Dirceu e Schimitinho. A nova diretoria foi composta pelo então vereador Lincoln Brandi, como presidente, e José Carlos, um dos fundadores, como 1º tesoureiro. Na estreia como escola, a Real Grandeza apresentou o samba-enredo “O circo”. José Carlos faleceu em 14 de agosto deste ano.

A residência da família Campos, na Avenida Sete de Setembro, tornou-se o ponto de encontro da comunidade carnavalesca, fortalecendo os laços que sustentaram a trajetória da escola ao longo das décadas.

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