Silva Soul lança EP ‘Na missão’; confira esse e outros lançamentos da semana

Dentre os destaques da semana, ainda estão RT Mallone e Correa, OCrioulo, Reiner e Maria Beraldo


Por Fabiano Moreira

18/10/2024 às 06h00

Silva Soul Digo Ferreira
Silva Soul é formada por Amanda, Martins, Anderson Fofão, Ângelo Goulart, Beto Grizendi, Fábio Ramiro e Luiz Henrique Andrés (Foto: Digo Ferreira/ Divulgação)

Depois de 12 anos da estreia em fonograma com o primeiro álbum, “Baile do Silva (deluxe)”, de 2012, a big band juiz-forana Silva Soul chega mais instrumental, suingada e classuda do que nunca no EP “Na missão”. Ele foi executado e registrado de forma 100% analógica durante uma imersão no belíssimo estúdio Forest Lab, em Paty do Alferes (RJ), onde fizeram a foto da capa e gravaram depoimentos para um documentário sobre o trabalho. A gravação foi realizada por Lisciel Franco e a produção é de Henrique Villela, que também produziu “Fogo fátuo” (2022), de Tatá Chama & as Inflamáveis, e está produzindo o novo álbum do Roça Nova, “Corta quebranto”.

CD na Missao 3000 x 3000 pxO álbum é um registro de performance, como explica o guitarrista Pedro Brum no documentário. A banda está criando um repertório instrumental. “Tem uma nova sonoridade que queremos passar e que tentamos condensar nestas quatro músicas. Trazemos mais maturidade, mas mantemos o compromisso com a pista, de dançar, de fazer um som para frente e fazer o negócio ferver”, explica o baixista Marcelo Castro. A banda é formada ainda por Amanda Martins (flauta), Anderson Fofão (percussão e scracths), Ângelo Goulart (bateria), Beto Grizendi (guitarra), Fábio Ramiro (teclados) e Luiz Henrique Andrés (teclados).

O apelo instrumental fica bem claro na única faixa inédita do repertório, a pulsante “Afro”, que ganhou videoclipe. “Não de bobeira” teve a letra reduzida a essa frase do título, repetida com voz de efeito robotizado. E Michael Jackson ficou muito vibrante e colorido na versão de “Whanna be startin’ somethin/Shake your body”, com uma guitarra malandra de Pedro. A banda apresenta essas e outras canções, ao vivo, em show no Cultural Bar, neste sábado, às 22h, celebrando 20 anos de estrada. O evento conta ainda com Soul Rueiro, Samba de Colher e a DJ Marcela Conte.

Mais lançamentos

CAPA TAO SO v1“Tão só”, Correa e RT Mallone

O craque do rap juiz-forano RT Mallone, recentemente anunciado como participante do reality musical “No corre”, da Netflix, está em feat com o ubaense radicado em Belo Hozionte Corrêa, “Tão só“. O single partiu da ideia de Corrêa de escrever uma carta para sua criança interior. Com letras que refletem sobre conquistas, erros e os obstáculos enfrentados ao longo da vida, a música traz uma mensagem de autossuperação. A sonoridade de “Tão só” é envolvente e pulsante, uma combinação de samples de voz, guitarras e sintetizadores que se une a um beat de trap, criando uma melodia carregada de emoção e nostalgia.

photo output“Hell”, OCrioulo

Integrante do potente coletivo negro juiz-forano Makoomba, Ocrioulo reflete sobre a sua mudança para o Rio de Janeiro na faixa “Hell”, que mostra sua habilidade de criar música que transcende o entretenimento. A faixa reflete a sua experiência de trocar Juiz de Fora pela Lapa, no “Hell” de Janeiro, com uma contemplação do universo, das estrelas e dos planetas. “O que o céu pode me contar? Júpiter está tão distante”, divaga a letra. “Eu sou do tipo de cara que tira foto do céu / Que vai na feira pra comer pastel”, continua. O lançamento foi marcado por projeções do clipe, ainda inédito, na Lapa: uma colagem de diversas perspectivas do Rio de Janeiro.

Capa Colinho Maria Beraldo 1“Colinho”, Maria Beraldo

Maria Beraldo criou novos parâmetros para expressão da homoafetiviade feminina com “Cavala”, seu álbum de estreia, em 2018: um grito de saída do armário. Ela volta a abordar o tema abertamente em “Colinho”, seu segundo álbum solo, no qual elabora sua identidade de gênero não binária, como apontam as fotos de divulgação. Ela, inclusive, lançou, com Zélia Duncan, a faixa “Matagal”, no Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, em 29 de agosto. O volume ainda tem participações de Ana Frango Elétrico e Negro Leo. O álbum passeia por funk pouco melódico, samba de João Nogueira, pop, jazz, folk e canção popular, mostrando que Maria é um dos nomes fortes da nova MPB e veio para ficar. Maria caminha por sonoridades singulares, enquanto conjuga o (seu) sexo no mundo. O álbum ressoa o coletivo a partir de uma investigação particular.

 

capa ela v3“Elã”, Reiner

O artista paraense Reiner, 29 anos, estreia em álbum com “Elã”, produzido por ele e Léo Chermont, guitarrista da banda Strobo. O trabalho traz uma síntese das diferentes sonoridades que podem ser ouvidas em Belém, cidade natal do artista, fundando o movimento que ele batiza de Amazofuturismo. Influências das músicas negra e indígena se misturam às guitarras que ecoam Sepultura e samples de Portishead. O título traz conceito emprestado do filósofo Henri Bergson, que cunhou o termo Elã Vital, uma espécie de desejo de criação, um impulso produtivo. A faixa “¿brasil profundo” questiona esse conceito com a poesia do roraimense Eliakin Rufino. “Não há Brasil profundo/ Brasil profundo foi inventado por quem pensa raso /Teóricos da superfície, acadêmicos urbanos, intelectuais do asfalto / Brasil profundo somos nós, nortistas, indígenas, quilombolas, caboclos, ribeirinhos, povos da floresta, somos vistos com desprezo.”

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