Livro infantojuvenil sobre orixás é lançado nesta semana em Juiz de Fora
‘Tina Bonita e suas histórias’ apresenta, em linguagem acessível, as divindades das religiões afro-brasileiras

Neste sábado (20), o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe o lançamento do livro “Tina Bonita e suas histórias”. De acordo com as criadoras da obra, a historiadora Camila Carvalho e a ilustradora Nívea Ferreira, a produção infantojuvenil aborda os orixás com leveza, fortalecendo o respeito às tradições afro-brasileiras e desconstruindo estigmas ainda presentes na sociedade. A programação inclui um bate-papo sobre o processo criativo, seguido de um sarau com leitura de textos que compõem o projeto. O evento é gratuito e ocorre às 10h, sendo aberto a todos os públicos.
“Por que podemos falar sobre Thor, Zeus, Afrodite e tantas outras divindades, mas quando falamos sobre Ogum e Iemanjá, por exemplo, somos repreendidos?” Essa foi uma das inquietações que uniram as criadoras da história de Tina Bonita. Com linguagem acessível, elas destacam que o novo livro apresenta as divindades de religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, de forma simples, afetuosa e conectada a situações do cotidiano.

Ancestralidade em destaque
A dupla conta que a narrativa gira em torno do Vovô Joaquim, da Vovó Perpétua e da pequena e curiosa Tina Bonita, que aprende com eles diversas lições sobre a vida, por meio das histórias dos orixás Oxóssi, Iansã, Oxum, Obá, Nanã, Iemanjá e Ewá. Nesse sentido, elas mencionam a presença de experiências pessoais no conteúdo, pois o texto traz elementos que dialogam diretamente com a trajetória das autoras. Um dos exemplos é o personagem Joaquim, que recebe o nome do bisavô de Camila e é cadeirante, em homenagem ao avô de Nívea.
“A própria dinâmica entre os protagonistas já faz referência à forma como o conhecimento, em muitas culturas africanas, é transmitido pela oralidade e como há o cultivo de um profundo respeito pelos mais velhos”, conta Camila. Ela complementa que, depois que escreveu a história de Oxóssi, veio um bloqueio, devido à densidade de algumas narrativas. Apesar disso, ela pediu que os orixás a guiassem e percebeu que deveria escrever sobre as Íyábás (orixás femininas). Quanto à criação das ilustrações, Nívea explica que precisava mergulhar nas histórias para representá-las com respeito e destaca ainda a importância das cores e símbolos presentes no livro.
“Desenhar sem entender o contexto cultural de quem está sendo retratado é um desrespeito! Então também pesquisei sobre a cultura e estética do povo iorubá e os principais contos dos orixás, além de ouvir sobre a pesquisa da Camila. Os orixás também têm uma ou mais cores associadas a cada um. Assim como deuses de outras culturas, eles são ligados a temas específicos. Oxóssi, por exemplo, é o orixá do conhecimento e guardião das florestas. Aprendi que todos têm uma ligação muito profunda com a natureza, o que achei muito bonito”, relata Nívea.
Além disso, as autoras irão circular por cerca de dez escolas da rede municipal, distribuindo exemplares e trabalhando temas alinhados ao currículo obrigatório de História da África, promovendo debates sobre as narrativas do livro, a valorização da oralidade e os saberes afro-brasileiros. O projeto conta com apoio financeiro da Prefeitura de Juiz de Fora, por meio da Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), tendo feito parte do Edital Quilombagens 2024.
Serviço
Sarau de lançamento do livro “Tina Bonita e suas histórias”
Data: Sábado (20)
Horário: 10h
Local: Sala de aula do mato no Jardim Botânico da UFJF (Rua Coronel Almeida Novais 246 – Santa Terezinha)
Entrada gratuita
*Estagiária sob supervisão da editora Cecilia Itaborahy









