Semana da Criança: Qual é o limite para o uso de telas?
Especialista orienta sobre o tempo de exposição às telas, conforme a faixa etária
O uso de tecnologias e a exposição às telas na infância é motivo de dúvidas para pais, mães, familiares e responsáveis. Num mundo cada vez mais digital, os dispositivos fazem parte do dia a dia, e é comum as crianças demonstrarem curiosidade. No entanto, o uso de celulares e tablets exige cuidados. Diferentes estudos relacionam a exposição excessiva a problemas de saúde mental e desenvolvimento cognitivo.
Estudo da Universidade de Albany, nos Estados Unidos, mostrou que bebês de 1 ano ficavam 53 minutos diante das telas, tempo que saltou para duas horas e trinta minutos na faixa dos 3 anos. De acordo com a coordenadora do curso de Pedagogia da Estácio e pesquisadora do uso das Tecnologias Digitais da Educação, Ana Carolina Guedes Mattos, os primeiros anos de vida exigem atenção ao desenvolvimento da coordenação motora fina e grossa, a lateralidade corporal da criança. “O corpo de uma criança nos primeiros anos e a sua relação com o mundo precisam ser respeitados.”
A especialista segue o padrão da Sociedade Brasileira da Pediatria (SBP), que recomenda que, até dois anos, não exista contato com telas ou videogames. Entre 2 e 5 anos, a recomendação é que o acesso seja controlado, em até uma hora por dia, enquanto dos 6 aos 10 anos, de uma a duas horas e, apenas entre 11 e 18 anos, de duas a três horas por dia.
“Com excesso de tela, a criança tem a privação do desenvolvimento de outras atividades ligadas ao corpo e à interação com o mundo. É preciso ter um ponto de equilíbrio. Podemos dar telas para as crianças, mas com inteligência, organização e pensando que ela não pode deixar de brincar”, orienta. Para ela, o “tempo de brincar” é quando a criança pode desenvolver a imaginação.
“A gente precisa dosar esse tempo, não só para as crianças”, pontua a especialista, ressaltando que quando a criança for usar as tecnologias, é preciso a supervisão de um adulto.
Apesar das orientações, a especialista analisa que cada realidade pode demandar limites e cuidados específicos. “Uma mãe solo, por exemplo, será que ela nunca vai precisar apresentar um vídeo para uma criança enquanto está desenvolvendo outra tarefa? Não cabe à gente julgar. Precisamos ter bom senso para entender a situação da família, compreender as necessidades da criança e a idade que ela tem para ponderar esse uso.”
Tecnologias podem ser aliadas
A tecnologia também pode ser usada para auxiliar pais, mães, familiares e responsáveis no processo de dosagem do uso de telas. Há aplicativos que sinalizam o tempo de atividade, como “Family link” e “Bem-estar digital”.
Outra alternativa é usar o tempo de tela como forma complementar para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. A “Tabuada do Dino” é um jogo que auxilia o ensino da matemática de forma lúdica. O “PhET” é um projeto da Universidade do Colorado Boulder que oferece simulações interativas gratuitas de matemática e ciências. Já na plataforma Escola Digital, é possível ter acesso a vídeos direcionados à educação infantil, que estimulam brincadeiras em casa.
Para incentivar o desenvolvimento criativo, é possível usar o “Doodle Buddy” e o “Drawing Pad” para as crianças se expressarem por meio dos desenhos.